25 de março de 2017

Odebrecht, caixa 2 e o vazamento

O depoimento do empresário Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é um forte sinal de que a prática do caixa dois de campanha existiu e teve de fato algum beneficiado no destino final da propina. A revelação do conteúdo da declaração do empreiteiro foi divulgada ontem com exclusividade pelo site O Antagonista e ganhou grande repercussão na mídia nacional e internacional.
Enquanto o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, se preocupa com o vazamento das informações em processo que tramita em segredo de Justiça, no Palácio do Planalto a situação é mais grave: o efeito das declarações.  A existência do caixa dois pode complicar a vida de muitos partidos políticos que estavam no mesmo palanque da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Rico em informação e detalhes de como funcionou o esquema de transferência de recursos para as campanhas eleitorais, o depoimento do empresário causou um grande barulho na República, hoje presidida pelo peemedebista Michel Temer (PMDB).  Aquela velha tese de dizer que todas as despesas de campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral  não deve ser descartada da linha de investigação dos ministros do TSE.
Marcelo Odebrecht se tornou um homem-bomba, uma vez que todo o esquema de pagamento de propina passou pela sua “administração” no setor de propina da empresa. Com as declarações do ex-executivo da empresa, a situação econômica do Brasil (que já apresenta sinais de fraqueza após a operação Carne Fraca) fica cada vez mais complicada.
Talvez essa seria uma das inúmeras preocupações do ministro Teori Zavacki, que estava tocando o processo da operação federal Lava Jato, criada com a finalidade de investigar o maior esquema de corrupção ocorrido na história do Brasil. O ex-ministro do  Supremo Tribunal Federal, em conversa com a família antes de morrer, confessou uma grande preocupação com o futuro do Brasil este ano por conta dos efeitos da operação Lava Jato.
A Lava Jato, além de trazer prejuízos  econômicos, também mexe com o Poder Judiciário. Ontem, o  presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, cobrou investigação sobre o vazamento de depoimentos sigilosos de executivos da empreiteira Odebrecht, nos quais são relatados supostos repasses ilegais à campanha da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014.
Na última quinta-feira (23), o ministro do TSE Herman Benjamin encaminhou aos demais ministros da Corte o relatório parcial sobre a ação, relatada por ele, que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político e econômico. O objetivo foi permitir que seus pares comecem a preparar os votos no caso.
Recentemente, Gilmar Mendes acusou a Procuradoria-Geral da República (PGR) de vazar informações sigilosas relativas à Lava Jato, e fez alusão a uma possível anulação de provas em decorrência do ato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reagiu afirmando que a acusação era “mentirosa”. Talvez essa seria também uma das preocupações que o ex-ministro Teori se referia.

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