11 de março de 2013

Prefeitura deixa de pagar Marquise e lixo pode se acumular nas ruas


Matar por inanição. Essa parece ser a estratégia encontrada pelo coordenador municipal de Limpeza Urbana da Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb) de Porto Velho, Carlos Prado, para forçar a empresa Marquise, concessionária do serviço de recolhimento de lixo, a abandonar o contrato de 20 anos com a prefeitura.
Desde o mês de setembro que a prefeitura não paga um real sequer à responsável pela coleta do lixo, embora depois da audiência pública realizada no final de janeiro para discutir o contrato, a empresa tenha zerado o número de reclamações.
O problema é que a inconsequente birra do secretário pode levar seu chefe, o prefeito Mauro Nazif, a incorrer em crime de improbidade administrativa, vez que a empresa está coletando mais lixo do que foi estabelecido no contrato e não tem recebido o que lhe é devido, resultando num prejuízo mensal que, conforme a empresa alega, já beira a casa dos R$ 9 milhões, sem contar com os valores que estão sendo estornados (glosa) por orientação do Tribunal de Contas, e que já somam outros cerca de R$ 10 milhões, segundo processo que a empresa já entrou contra a prefeitura.
Neste jogo bruto, as consequências podem acabar nos costados dos funcionários. Isso porque a empresa emprega 320 pessoas e se não houver um entendimento por parte da prefeitura de sua responsabilidade no contrato, a empresa pode diminuir o número de seus empregados e caminhões, de acordo com o que o contrato prevê. Resumidamente, isso significa dizer, na melhor das hipóteses, desemprego, menos caminhões na coleta e consequentemente o fantasma de lixo acumulado nas ruas.
Pelo contrato, a empresa responsável pela coleta de lixo deveria disponibilizar 11 caminhões, mas segundo diz a Marquise, num sinal de boa vontade e por entender que o aumento do volume de resíduos decorre do crescimento da cidade e da melhoria do poder aquisitivo da população de uma maneira em geral, destinou 17 caminhões compactadores, e aguarda para os próximos dias a chegada de mais dois equipamentos. Só que a forma discriminada como está sendo tratada pela administração municipal, pode levar a Marquise a readequar sua estrutura operacional por absoluta falta de condições de continuar prestando o bom serviço, com as rotas atualizadas e nada de lixo acumulado.
Fiscalização
Além de não pagar o que deve pela coleta do lixo, a prefeitura aumentou o rigor na fiscalização, apesar da incapacidade técnica da comissão responsável pela fiscalização do contrato. Isso porque, segundo o decreto que a criou, o colegiado formado por dez membros deveria ter entre seus pares pelo menos cinco habilitados em engenharia civil, agrária, sanitária ou ambiental, mas não possui um número mínimo de profissionais com tal qualificação técnica.
Além da prefeitura, o Tribunal de Contas, e agora também a Câmara de Vereadores, que ameaça com a criação de uma CPI, querem fiscalizar o contrato, mas de forma enviesada, não as duas partes contratantes. No caso, o alvo é unicamente a prestadora do serviço, como se fosse ela a única culpada pelos problemas da administração municipal.
Enquanto que o risco do acúmulo de lixo nas ruas se torna uma possibilidade cada dia mais real, o questionamento que se faz é: quem irá resolver definitivamente este impasse?

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