17 de julho de 2014

Laudo sobre acidente em Linha de Transmissão em Rondônia sai em 60 dias

Seis operários do Peru morreram durante o acidente
Os treinamentos e todos os documentos assinados e expedidos em língua portuguesa dificulta a compreensão dos estrangeiros envolvidos nas atividades de montagem nas torres da Linha de Transmissão Porto Velho/Araraquara, que foi cenário de um grave acidente na semana passada, no qual morreram seis trabalhadores, todos de origem peruana. Este é um dos motivos que levou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a interditar a obra e solicitar que sejam refeitos os treinamentos, os documentos sejam traduzidos para o espanhol e ainda, que seja feita reanálise dos procedimentos de trabalho.
A informação foi prestada por Danilo Ernesto Félix, chefe do Núcleo de Segurança no Trabalho do MTE, que visitou o local onde aconteceu o acidente e explica que o Ministério aguarda o laudo que está sendo produzido pela Polícia Civil para elaborar seu próprio relatório, que fica pronto, em média, entre 30 e 60 dias. O relatório servirá para prevenir futuros acidentes e municiar as famílias que precisarem dos laudos envolvendo seus entes queridos.
Entre as evidências para o acidente, Danilo Félix cita insuficiência de capacitações e de supervisão das atividades, não cumprimento de procedimento seguro e a dificuldade que os peruanos podem enfrentar para compreender a língua portuguesa. “Em decorrência da fragilidade que sabemos que envolve trabalhadores de outros países, analisamos todas as condições de trabalho. Mas checamos que o registro dos estrangeiros está regular e que não há diferença entre os salários dos brasileiros”, pontua. “Mas temos que considerar a dificuldade que eles podem encontrar para compreender os procedimentos. Os estrangeiros contratados são montadores profissionais, mas não sabemos quais as condições desenvolviam suas atividades em seu país, por isso a importância das capacitações e supervisão das atividades”, defende.
Félix reforçou que as atividades de montagem permanecerão paralisadas até que a empresa responsável pela obra, Sanden Indústria e Montagem Eletromecânica Ltda., apresente comprovações de que atendeu à solicitação do MTE e requerimento de suspensão da interdição.
Para esta obra trabalham 1.070 profissionais e cerca de 100 são originários do Peru.
O acidente no qual morreram os seis trabalhadores aconteceu no dia 07 de julho, quando uma das torres, de aproximadamente 40 metros metros de altura caiu com os profissionais trabalhando em sua montagem. O acidente aconteceu num trecho próximo ao município de Parecis, distante 457 quilômetros de Porto Velho.
As torres da Linha de Transmissão terão o objetivo de escoar a energia gerada pelas Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio de Porto Velho até Araraquara (SP) e incluir a energia produzida no Norte ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Falta de auditores fiscais dificulta fiscalização de obras em RO

A quantidade de auditores fiscais atuando em Rondônia dificulta o acompanhamento das obras que estão em franco desenvolvimento no Estado. Somente três profissionais – lotados em Porto Velho – dão conta da missão. E um profissional lotado em Ji-Paraná, que colabora quando é solicitado. “Esta obra, de instalação da Linha de Transmissão, por exemplo, atualmente é difícil fazer acompanhamento periódico, em decorrência da distância”, detalha Danilo Félix.
A situação pode mudar, de acordo com ele, com a contratação de 20 auditores que foram aprovados em concurso e estão em fase de treinamento. “Estão em treinamento de março até o final de agosto. Em setembro iniciam o trabalho”, conta.
Em nível de Brasil há, em média, 800 cargos de auditores vagos. “Os profissionais vão aposentando e não há contratações na mesma medida”, finaliza o chefe do Núcleo de Segurança no Trabalho do MTE.


MTE não fiscalizou empresa


Danilo Félix explicou que o tipo de torre erguida no local do acidente é denominado estaiada (são presas por cabo de aço), a qual a maioria dos empreendimentos utiliza, no entanto informou que a empresa responsável pela obra, ainda não tinha sofrido fiscalização dos auditores do Ministério do Trabalho, o principal motivo é em decorrência do quantitativo de profissionais atuado nesta área. Somente três auditores trabalham no Núcleo de Segurança no Estado e um profissional lotado em Ji-Paraná, que presta apoio às atividades quando solicitado. “Fiscalizamos a obra inicialmente quando era desenvolvida pela empresa Toshiba e planejávamos voltar ao canteiro de obras, mas temos um número elevado de empresas para acompanhar”, explica Félix.

Este não é o primeiro acidente que acontece na Linha de Transmissão Porto Velho/Araraquara. No ano passado (na gestão Toshiba) houveram outros dois acidentes e quatro mortes. Um nas proximidades do município de Chumpinguaia envolvendo três trabalhadores e dois deles morreram, quando também trabalhavam na montagem das torres e outro nas proximidades do município de Cacaulândia, com morte de outros dois profissionais, que trabalhavam no desmatamento para instalação das torres. Eles foram vítimas de queda de árvore.

Mineia Capistrano (DIARIO DA AMAZÔNIA)

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