18 de julho de 2012

Jaderson Ferreira quer resgatar dignidade de Porto Velho


Jaderson Ferreira e o candidato a vice-prefeito Waltério Carlos
Porto Velho, Rondônia - Sem patrimônio a declarar na Justiça Eleitoral e usuário do transporte coletivo, o candidato a Prefeito da Capital, professor Jaderson Ferreira da Silva (PSTU), 35 anos, promete uma campanha simples, fazendo corpo a corpo com eleitores nas ruas. “É o chamado trabalho de formiguinha”, afirmou. 
Ele disse que foi convidado a firmar aliança a grupos econômicos, mas recusou a oferta. Decidiu avançar na eleição para prefeito. “ Nossa legenda é legenda puro sangue, do povo para o povo. Não tem grupo financiado. Não temos compromisso de grupo econômicos. Isso é perigoso”, relatou. 
Jaderson nasceu em Porto Velho e confessou ter amor pela cidade. É formado em filosofia, teologia e está filiado ao PSTU desde 2005. Trabalhou no estado a campanha “voto consciente” e prepara os jovens na fiscalização de compra de votos. Em visita à redação do Diário, ele apresentou o vice-prefeito na chapa, o professor Waltério Carlos.


Diário: Como começou sua carreira política?
Jaderson: Fui eleito presidente da uma associação de moradores no conjunto Rio Guaporé. Eu vejo na política que você pode ser político sem estar no meio político. Com 21 anos fui eleito presidente da Associação de Xadrez. Após esse trabalho criei o projeto Xadrez nas escolas, que atinge a sociedade e implantamos esse trabalho no Colégio Padrão.


Diário: Como surgiu a ideia na disputa pela prefeitura de Porto Velho?
Jaderson: Pela necessidade de uma nova alternativa política. Ela surgiu pela própria insatisfação popular e minha indignação. Sempre fiquei nos bastidores e me revoltei com a crise moral e ganância pelo poder. O político tem que pensar na cidade e não na própria vida. Sou usuário do transporte público e sinto na pele a falta de investimentos na cidade.


Diário: O senhor é um nome desconhecido do grande público, Como espera levar a mensagem do PSTU para essas pessoas?
Jaderson: Temos um minuto de televisão. Quero ter oportunidade nas mídias para mostrar o que eu sou. No meu caso, Jaderson Silva, sou um porto-velhense que ama essa cidade.  Tenho identidade com Porto Velho e sou ficha limpa. Meu grande sonho e vê Porto Velho uma cidade socialista para o trabalhador.


Diário: Sendo eleito, quais as propostas para Porto Velho?
Jaderson: Primeiramente temos que saber o que existe em Porto Velho. Temos que discutir um orçamento participativo e priorizar investimentos na saúde. Valorização dos funcionários, plano de cargos e salários de fato que atenda a categoria. Equiparar os salários dos servidores com os melhores do Brasil. Porto Velho tem condição de fazer isso. A educação é prioridade. Investir na educação integral. Não o que está sendo oferecido hoje pela Prefeitura. Trabalhar com equipes e atender a realidade do aluno dentro e fora de sala de aula.


Diário: No campo de obras, os gargalos de Porto Velho, trânsito e saneamento, o que fazer?
Jaderson: Porto Velho não foi planejada. Esse planejamento aconteceu na época da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. O projeto foi feito pelos ingleses. A cidade foi ocupada por meio de invasões e hoje a cidade sofre uma crise por falta dessa engenharia. Muitos gestores não tiveram a capacidade de planejar a cidade para o futuro. A gestão atual teve oito anos para fazer isso e não fez. Não se pensou um projeto a longo prazo. No trânsito, trabalhar em uma linha específica de ônibus, ampliar as vias e criar uma via expressa só para ônibus. Alargar as avenidas para fluir o trânsito é prioridade. Montaremos uma equipe para trabalhar e pensar em projeto a longo prazo.


Diário: E com relação ao esgoto?
Jaderson: Tem que colocar em prática algumas obras que foram acordadas dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. O projeto já existe, basta cobrar do governo, que ficou responsável pela execução da obra por meio da Caerd.


Diário: Porto Velho para o pós-usina, qual será sua proposta para geração de emprego?
Jaderson: Vai depender muito da equipe de planejamento. Como prefeito, vou trazer as melhores pessoas e especialistas em todas as áreas. Essas pessoas existem aqui. Com a formação dos lagos das usinas, pretendo desenvolver um projeto de tanque rede, contratando ribeirinho e criando uma empresa mista para gerar emprego. Vamos exportar o produto. As usinas vão deixar uma herança maldita.  A prefeitura não teve capacidade de olhar prevenção e construir projeto alternativo de emprego e renda.


Diário: Você é a favor da emancipação dos distritos?
Jaderson: Sou a favor. As forças políticas não querem. Vamos procurar trabalhar as alternativas nos distritos. Com o projeto tanques redes, a arrecadação dos distritos vai aumentar. Vou implantar a eleição direta dos administradores e trabalhar um orçamento específico para os distritos. Por outro lado, levar água e esgoto às localidades.


Diário: Qual avaliação da atual administração?
Jaderson: Deixou a desejar. Poderia ter feito melhor. Mobilidade urbana é uma deficiência na Capital. O transporte público é falho e  caro. Não existe uma política pública de mobilidade. Outro ponto é a questão da água potável. Ele poderia ter agilizado o processo. Os viadutos demoraram muito. Agora no período de eleição que começa a aparecer as obras. Mas o povo saberá dar a resposta certa. Outro ponto que eu colocado como negativo: não foi implantada a faculdade municipal.


Diário: Como você vê a nossa rodoviária?
Jaderson: Defendo que a rodoviária é um símbolo de Porto Velho e não podemos acabar com a cultura de terminados prédios históricos. Defendo um trabalho de restauração do prédio.


Diário: E o aterro sanitário e centro de convenções?
Jaderson: Quando existem projetos bons temos que elogiar,  fazer a crítica e melhorar. A prefeitura cometeu um erro no passado. O atual administração teve tempo para executar. Recebeu o apoio de Lula e da presidente Dilma Rousseff. Faltou gestão. Agora o eleitorado amadureceu. Queremos agora trabalhar a essência do projeto. Educação ambiental e trabalhar com cooperativas. Criar alternativa para o lixo e definir um local que não tenha problema de contaminação no lençol freático.


Diário: Sendo eleito, como será o relacionamento com o governo?
Jaderson: Trabalhar uma parceria para o bem da cidade. Tem muita gente que não está sendo atendida com políticas públicas. Como gestor, o cargo não é meu. É do povo. Não posso ser radical e esperar o dinheiro cair do céu. Essa visão de radical hoje não existe. 


Diário: Por que a opção de chapa pura sangue?
Jaderson: Analisando todas as legendas e partidos. Constatamos vícios. Nossa aliança é puro sangue, do povo para o povo. Não tem grupo financiado. Não temos compromisso de grupo econômicos. Isso é perigoso.  Eles já estão acostumados a atuar com os vícios políticos. Vamos propor uma Porto Velho para o povo. Não preciso de salário para sobreviver. Ele promete reduzir os salários. O prefeito não precisa receber R$ 30 mil. Vou trabalhar para reduzir os salários dos vereadores. Acabar com a farra de cargos comissionados. Vou enxugar a folha e investir no município. Vamos trabalhar a prefeitura itinerante e eleições diretas para sub-prefeitos.


Diário: O PSTU nasceu de um movimento revolucionário, qual é a realidade de hoje?
Jaderson: O que nós trabalhamos é o marxismo puro. Trabalhar a valorização e tomada do poder pelos trabalhadores. É um processo participativo. Não queremos tomar o poder a todo o custo. Queremos discutir no campo das ideias. Não estou na política para ficar rico. Acredito em um sonho chamado Porto Velho e a cidade precisa ser justa e para todos. Tivemos a oportunidade de discutir alianças com outros partidos da esquerda, mas ao mesmo tempo a direção nacional do partido nos deu a liberdade de decidir internamente. Será uma campanha corpo a corpo, andando nas ruas. Não queremos grupos financeiros. Eles já nos procuraram. A velha forma de fazer política sempre tem grupos financeiros no meio.

Fonte: Diário da Amazônia

Autores: Carlos Sperança e Marcelo Freire

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