O deputado
federal Mauro Nazif (PSB), de 53 anos, entra para sua décima segunda
disputa eleitoral, sendo a quarta para Prefeito de Porto Velho nas
eleições deste ano. Casado, pai de três filhos, ele nasceu na
cidade de Barra do Piraí (RJ) e chegou em Rondônia em 1984 para
trabalhar como médico.
Trabalhou
no antigo Hospital Tropical e Hospital de Base. Foi vereador e
deputado estadual por dois mandatos e atualmente ocupa cargo de
deputado federal. Nas onze eleições que disputou, venceu sete e
perdeu quatro. O peesebista também disputou eleição para governo
de Rondônia e coleciona vários erros e acerto ao longa de onze
disputas eleitorais.
Na
convenção do último dia 30, o PSB selou aliança com o PDT, que
indicou o jornalista Dalton di Franco para ser vice-prefeito na
chapa. “Conheço o trabalho do Dalton quando fomos vereador juntos
na Câmara de Porto Velho e deputado estadual na Assembleia
Legislativa. Quando você conhece a pessoa fica mais fácil trabalhar
em benefício da cidade”, admite.
Diário:
Como começou a carreira politica?
Mauro
Nazif: Foi por acaso. Cheguei para trabalhar como médico em Porto
Velho. Em 88 meu irmão, Gilson Nazif, chegou à clínica da Vila
Tupi, onde atendo, dizendo que seria candidato a vereador. O coisa
mudou do dia pra noite. Passou o tempo, a família do seu Miguel
Prado entendeu que eu tinha o perfil de candidato. Resisti até onde
pude. Até que o seu Miguel fez um jantar com a família dele e
confirmou o meu nome. Foi uma surpresa nas urnas. Fui o sétimo
vereador mais votado.
Diário:
Na época, o que foi prioridade?
Mauro:
Começamos priorizando a bandeira dos servidores públicos. A partir
dessa época começamos a fazer oposição ao governo municipal.
Diário:
Durante o exercício do mandato de deputado estadual teve alguns
embates na ALE?
Mauro:
Acabar com a aposentadoria dos estaduais. Fizemos uma economia de
mais de 20 milhões por ano para o Estado. Com essa economia o Estado
pode investir mais na educação e saúde. Outro ponto que marcou
minha trajetória política foi a defesa dos servidores demitidos.
Estivemos à frente dos movimentos e lutamos até o desfecho. Cheguei
a ser agredido na época em frente ao Palácio do Governo e Tribunal
de Justiça.
Diário:
Fale sobre a primeira experiência disputando a Prefeitura de Porto
Velho.
Mauro:
Era uma campanha desacreditada, onde tínhamos adversários
importantes na época e em cima disso crescemos muito. Nas eleições
de 2004 foi diferente. Éramos considerados favoritos. Pontos
importantes aconteceram. Cometemos erros e acertos. O erro não era
por receber o apoio do ex-prefeito Carlinhos Camurça. É que o povo
não aceitava a união da oposição e direita. Em nenhum momento
culpo o Carlinhos. O eleitorado não entendeu a mensagem. A postura
do Carlinhos foi importante que ele não pediu nada. A universidade
municipal não caiu no gosto da população.
Diário:
E do lado de acerto?
Mauro:
O Roberto Sobrinho na época tinha 1% da intenção de voto, mas ele
teve ao seu lado a presença do presidente Lula e seus ministros. E o
Lula era recém-empossado. Estava no auge da popularidade. Ele trouxe
esperança à população. Naquele momento foi bom o PT ter vencido,
por causa do apoio do governo federal.
Diário:
O senhor já participou de outras disputas. Sempre foi bem votado
para cargos do legislativo. Como explica não ter sido bem sucedito
para o executivo?
Mauro:
Cito o exemplo do ex-presidente Lula. Muitos pensavam que ele (Lula)
não seria um bom presidente no comando do Executivo. Após
participar de três eleições para presidente, o Lula ganhou e
demonstrou o contrário. A experiência por nós assumida, todo esse
tempo na vida pública, nos dá uma tranquilidade muito grande.
Conhecemos todos os trâmites no Congresso e Ministérios. A
experiência que conseguimos como vereador, deputado estadual e
depois federal foi uma faculdade.
Diário:
Quais as prioridades nessa disputa?
Mauro:
Temos muitos pontos para ser tratados. Porto Velho cresceu muito. A
saúde é um ponto. Recebemos mais de 70 mil pessoas em função das
obras das usinas. Será que Porto Velho está se adequando a isso? Em
nenhum momento estamos criticando a saúde municipal. A questão do
trânsito e transporte. São em média 1500 veículos que entram na
cidade por mês. O que estamos fazendo para melhorar a cidade? É
preciso ter parceria com a PM, agentes de trânsito, no sentido
educativo e não punitivo. Educar a população é importante.
Diário:
E o saneamento básico?
Mauro:
Temos uma Capital com 2% de saneamento. Através da bancada federal,
alocamos mais de 700 milhões para cinco obras importantes.
Saneamento, água tratada, drenagem de córrego e construção de
novas moradias. Parte do dinheiro foi destinado para a Caerd. O
recurso veio para Porto Velho e temos que cobrar a efetivação real
para que isso aconteça. Tem que tornar uma cidade viável com renda,
trabalhar a questão do combate à droga, defendida pelo nosso
candidato a vice-prefeito Dalton di Franco e valorizar o
funcionalismo.
Diário:
Como você vê o pós-usina?
Mauro:
Sabíamos que Porto Velho receberia duas usinas, mas não fizemos o
planejamento. Também tivemos a certeza de que a população iria
aumentar. Teremos um índice de desemprego muito grande após o fim
das obras. Não conhecemos o índice de pobreza. O de miséria sim.
Tenho medo de obras de começo, meio e fim. O usina teve isso. Temos
que pensar obras que tenham começo e meio. Tivemos o ciclo do ouro,
borracha e funcionalismo público. Porto Velho precisa atrair
indústrias para gerar empregos. Temos polos importantes de mercado.
Bolívia e Chile consomem a nossa produção. O mercado Asiático e
saída para o Pacífico são importantes. O problema da energia foi
resolvido em Rondônia. Temos que buscar agora a industrialização
e, ao mesmo tempo, buscar a vinda do gasoduto de Urucu. Temos que
gerar emprego e renda e isso está sendo discutido.
Diário:
No campo político, como justifica a aliança PDT atraindo o
comunicador Dalton di Franco?
Mauro:
Foi uma surpresa essa aliança. O PDT tinha candidatura própria.
Conversamos com vários partidos. Agradeço pela conversa e maneira
ética que tivemos com todos os dirigentes partidários. Não
queríamos juntar muitos partidos nessas eleições e depois ficar
uma administração pública sem controle. Conversamos com o senador
Acir Gurgacz e entendemos ser importante o PDT fazer parte da
aliança. Eu e o jornalista Dalton di Franco trabalhamos na Câmara
de Vereador juntos e também na Assembleia Legislativa quando assumi
o cargo de deputado. Temos um histórico de caminhada. É uma
aliança histórica e de pessoas que se conhecem. São pessoas que
tiveram aliança e foram eleitas através dela.
Diário:
Como candidato da oposição, como você vê a administração
Roberto Sobrinho?
Mauro:
Não gosto de fazer análise. Tudo o que deu certo, vamos continuar
implementamos, o que está mais ou menos, vamos tentar melhorar.
Vamos terminar todas as obras que estão inacabadas. Não temos
sentimentos de rancor. O dinheiro que está investindo é público e
precisa ser valorizado.
Diário:
Qual a avaliação para o governo de Confúcio Moura?
Mauro:
Precisamos da ajuda do Confúcio, do governo do estado, independente
da sigla que ele esteja. Da mesma forma que eu penso que ele pode
ajudar a cidade, podemos ajudar o governo gerando emprego e renda na
Capital.
Diário:
Como pensa Porto Velho no futuro?
Mauro:
Primeiramente tem que planejar. Principalmente no setor de trânsito,
saúde, para que Rondônia não tenha 70 mil desempregados em Porto
Velho após as usinas. Temos que ser ágeis e práticos. Esse
planejamento é importante. Todo esse trâmite em Brasília é
importante para ter o município planejado.
Diário:
Qual a expectativa da campanha em Porto Velho?
Mauro:
Disputamos 11 eleições. Sentimos um calor nas ruas. Temos um vice
de boa aceitação junto à sociedade. Nossa campanha será feita
com amor e sempre olhando para o lado humano e respeito pelas
pessoas. Vamos trabalhar para quem quer o bem de Porto Velho.
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