6 de janeiro de 2016

Não basta só demarcar as terras indígenas

Com pouco foco da mídia nacional, a CPI da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve iniciar os trabalhos este ano com pauta direcionada à análise das ações de vários órgãos públicos em relação à demarcação de terras indígenas e quilombolas. A CPI foi instalada na Câmara Federal no mês de novembro, mas pouco conseguiu produzir bom resultado nos primeiros 60 dias de funcionamento.
No caso de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas os índios não enfrentam problemas com a demarcação de terras indígenas, uma das linhas de investigação dos congressistas. Os povos indígenas de fato foram esquecidos pelo poder público e, muitos deles, acabaram intensificando os laços de amizade com garimpeiros, fazendeiros e empresários na corrida pela extração ilegal de diamantes na reserva Roosevelt, no município de Espigão do Oeste, região central de Rondônia.
Na região do Mato Grosso, índios estão cobrando pedágio em estradas federais, conforme noticiou o Diário na semana passada. Caminhoneiros chegam a pagar R$ 50,00 de pedágio. Quem não efetuar o pagamento, acaba sendo alvo dos índios. O fato mais recente aconteceu na BR-174, quando dois vendedores tentaram furar um bloqueio e acabaram sendo executados pelos índios.
Outro fato grave aconteceu na Transamazônica, rodovia federal que fica liga o Amazonas ao Estado do Pará. Três pessoas, entre elas um professor, um funcionário da Eletrobras, foram sequestrados pelos índios em 2014. Na região, também existe a cobrança de pedágio. Por conta das mortes, populares de Humaitá, distante 200 quilômetros de Porto Velho, destruíram o prédio da Funai, atearam fogo em veículos e no barco que transporta alimentos aos povos indígenas na região.
São problemas que não são relatados à CPI da Funai, mas que deveriam fazer parte da pauta de trabalho dos congressistas. A verdade é que muitos índios foram abandonados pelo governo e se tornaram objeto de uso dos madeireiros, garimpeiros e empresários que atuam no tráfico internacional de contrabando de diamantes em Rondônia. Talvez seja a hora de a CPI mudar seu foco.

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