27 de outubro de 2010

Energia livre de Jirau, em RO, não atrai os consumidores livres

Antecipação da geração de energia tem um custo. Só os contratos de concreto, por exemplo, ficam 20% mais caros devido à quantidade de gelo que é necessário ser usada na construção de grandes blocos de concreto.

O leilão de energia realizado na semana passada pela usina de Jirau não conseguiu atrair os consumidores livres. Os preços entre R$ 130 e R$ 136 o MWh propostos foram considerados excessivos em função da expectativa das indústrias de que haverá sobra de energia futura e, portanto, querem pagar menos. Sem nenhum contrato fechado no mercado livre e a menos de dois anos de iniciar a geração, a rentabilidade que o projeto proporcionará a seus acionistas ainda é desconhecida e está à mercê do comportamento das chuvas e do crescimento do consumo, que eventualmente podem puxar os preços para cima.

Desde que o consórcio liderado pela GDF Suez - em sociedade com Chesf, Eletrosul e Camargo Corrêa - arrematou a concessão da usina, em um lance agressivo que envolveu a mudança de projeto e um preço de R$ 71,40 o MWh que remunera 70% da geração de energia da empresa, a administração da concessionária busca formas de potencializar a rentabilidade do projeto. Só com os R$ 71,40, que atualizados pela inflação chegariam a setembro deste ano a R$ 79,00, a usina não se paga.

Para melhorar esse quadro é preciso vender bem os 30% de energia livre - estima-se em pelo menos R$ 130,00 o MWh - e ainda buscar antecipar ao máximo a geração. Mas essa antecipação também tem um custo. Só os contratos de concreto, por exemplo, ficam 20% mais caros devido à quantidade de gelo que é necessário ser usada na construção de grandes blocos de concreto. O investimento inicial, que corrigido pela inflação seria hoje de R$ 10,1 bilhões, foi ampliado para R$ 11,4 bilhões para que a usina entre em operação em 2012, gerando toda a energia assegurada, ou seja, 2.000 MW.

Uma outra estratégia buscada pela Energia Sustentável do Brasil é ampliar a capacidade de geração da usina em 450 MW, que levará o investimento total a superar os R$ 12 bilhões. As ampliações são consideradas como uma nova usina e pode ser vendida em leilões do governo federal. A usina está inscrita para participar do leilão de hidrelétricas que será realizado pelo governo no dia de 17 de dezembro. Mas preço pode ser um entrave.

Segundo informações da assessoria de imprensa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os preços da energia das ampliações de usinas devem refletir uma média do que for praticado em todo o leilão. Se for levado em conta o preço da energia do último leilão realizado em agosto, esse preço era de R$ 93 o MWh. De qualquer forma, os projetos de agora podem ter preços maiores. Mas mesmo para poder participar desse leilão, Jirau ainda precisa da aprovação da ampliação pela Agência Nacional de Energia Elétrica e ter definida o montante de energia assegurada.

Nas estimativas de alguns bancos, se a energia livre produzida em 2012 for vendida a R$ 110 o MWh e o restante a R$ 140, a rentabilidade do projeto ficaria em torno de 7%. Na semana passada, alguns consumidores estariam dispostos a pagar entre R$ 110 e R$ 120,00 segundo o Valor apurou.

A concessionária Energia Sustentável do Brasil foi procurada e não quis fazer qualquer comentário sobre o assunto. Cinco produtos foram ofertados com prazos variados a partir de 2012, com 100 MW, em média, por produto, a preços iniciais de R$ 130.
Fonte: Valor Econômico

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