20 de maio de 2014

Rondônia tem rede de estações meteorológicas escassa

A exemplo dos demais estados da Amazônia, Rondônia também tem uma rede de estações meteorológicas muito escassa. A conclusão é do pesquisador Marcelo Gama, do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), especialista em Sensoriamento Remoto e Sistrema de Informações Geográficas para o Zoneamento Socioeconômico.
O resultado de um estudo preliminar feito pelo cientista foi mostrado no segundo dia do “II Seminário Perspectivas Florestais para Conservação da Amazônia”, realizado pelo Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia (Rioterra), realizado nos dias 15 e 16, no auditório da Unir/Centro. O evento discutiu o fenômeno das mudanças climáticas em Rondônia.

De acordo com o cientista, a disparidade é tão grande que das 20 estações meteorológicas previstas para serem instaladas no Estado, apenas três conseguiram sair do papel. “Essa é uma deficiência que acaba comprometendo o trabalho de coleta de dados. Não bastasse isso, as outras instituições que têm unidades de coleta de dados, instalaram seus equipamentos em áreas onde já existem estações, o que não soma em nada com relação a distribuição da rede de estação meteorológica”, avaliou.

A pesquisa, dividida em dois períodos — pré-colonização (de 1945 a 1970) e pós-colonização (de 1970 a 1995) —, mostra que o histórico climático no Estado está diretamente relacionado a questão do desmatamento. O fenômeno é mais visível no período pós-colonização quando a invasão e derrubada da florestal deu-se em grande escala. Foi possível constatar que a temperatura máxima, nesse período, aumentou enquanto a mínima teve uma ligeira queda, principalmente na última década.

No entanto, o dado mais relevante, diz respeito a umidade relativa do ar, que mede a relação entre a quantidade de água existente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma temperatura (ponto de saturação). Ela é um dos indicadores usados na meteorologia para prever como o tempo se comportará.
A pesquisa mostra que houve uma redução de níveis bem acentuada na última década. É a constatação de que a atmosfera está mais seca no Estado, devido a pouca disponibilidade de água no ar. “É um estudo preliminar, mas ele mostra que a umidade relativa do ar está bem mais baixa do que a média histórica. A redução foi em torno de 10% na última década”, revelou.

Fomentar o debate

Para o coordenador de Programas do Riotrra, Alex Bastos, as informações repassadas no seminário são importantes para que a sociedade possa ter um norte e poder discutir a questão climática com base em dados. “O principal objetivo do seminário foi discutir com a sociedade como os impactos das mudanças climáticas afetam Rondônia e o que está se fazendo om relação ao fenômeno”, frisou.

Bastos reconheceu também que Rondônia é um dos Estados brasileiros que está na vanguarda quando o assunto é a mudança climática. “Muito já foi feito e ainda está se fazendo. Por exemplo, está em discussão a criação da Lei de Mudanças Climática. Há também os projetos de fixação de carbono que estão sendo elaborados”, afirmou. Outro avanço, são os projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradações (Reed), como o “Carbono Florestal Suruí”. Os chamados projetos de Redd são usados como forma de reduzir a emissão de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa (GEEs).

“Mas tempos que, mesmo com esses avanços, Rondônia tem sido impactada pelos fenômenos climáticos. É só lembrar a enchente do rio Madeira deste ano. Por isso esse seminário tem uma importância muito grande por despertar a sociedade para o problema discussão na sociedade para que depois. Queremos que o projeto de Mudanças Climáticas elaborado pelo governo do Estado, possa ser trabalhado por diferentes atores, com um melhor nível de conhecimento e informações”, enfatizou. (Joel Elias/Diário da Amazônia)

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