A explicação do presidente Michel Temer (MDB) para justificar a redução do preço do óleo diesel em benefício dos caminhoneiros impressiona. Segundo o presidente, o governo vai pagar à Petrobras, durante um período de 60 dias, a diferença da receita que a empresa deveria lucrar com o reajuste do preço do óleo diesel. Perguntado por jornalistas de onde virá o dinheiro, Temer afirmou que o dinheiro sairá da conta do Tesouro Nacional. Ocorre que o Tesouro é constituído de receita orçamentária paga pela população. Ou seja, somos o Tesouro da Petrobras e mais, a população vai pagar essa conta.
O movimento dos caminhoneiros atingiu o seu objetivo, mas não é possível comemorar um resultado. No sábado, a Petrobras, ao comemorar o resultado do acordo com os caminhoneiros reduzindo o valor do óleo diesel, anunciou o reajuste do preço da gasolina. Parece que foi uma retaliação ao cidadão que apoiou as mobilizações. De qualquer forma, alguém precisa pagar essa conta e mais uma vez a população que depende de gasolina para trabalhar (para o governo) é sacrificada em dobro.
Fica cada vez mais difícil de entender a política adotada pelo Governo Federal. Hoje compensa em encher o tanque de gasolina do veículo na fronteira da Bolívia e Paraguai, onde o preço da produto é quase a metade do valor cobrado nos postos dos municípios de Guajará-Mirim (RO) e Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai. No caso do Paraguai, basta atravessar a ponte que o cidadão brasileiro terá oferta de gasolina pela metade do preço praticado em território brasileiro. O curioso é que o produto tem origem do Brasil e circula por todo o território nacional até chegar aos países vizinhos.
Os caminhoneiros conseguiram, com todo o apoio da população em praticamente todos os Estados, paralisar o Brasil por conta do reajuste do óleo diesel. A pergunta pós-movimento é quem vai parar o Brasil por conta do reajuste da gasolina anunciado neste sábado? Parece que o Brasil começa a entrar no velho ritmo, onde tudo está bem. O governo, mais uma vez, faz um assalto duplo no bolso do contribuinte. E ninguém fala nada. Nessa luta contra a política de reajuste de preço adotada pela Petrobras no ano passado, está ficando mais evidente que quem está vencendo é a empresa, que foi prejudicada com escândalos de corrupção.
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