O povoado de uma dezena de casas à beira da BR-364, a 100 km de Porto Velho, transformou-se em um aglomerado urbano dinâmico, cheio de hotéis, restaurantes e lojas de todo tipo. Mas o meteórico progresso de Jaci-Paraná, principal destino das economias dos 22 mil operários arrebanhados para a construção da usina de Jirau, no rio Madeira, está a perigo.
O intenso vaivém de dezenas de ônibus, carros, motos e operários deu lugar à apreensão dos comerciantes e dos renitentes moradores do distrito nascido como estação da lendária ferrovia Madeira-Mamoré. O movimento recuou, os bolsos estão mais precavidos e poucos operários circulam pelas ruelas esburacadas e poeirentas do lugar. "As vendas caíram 70%", diz Diogo Pereira, dono de uma próspera distribuidora de bebidas em Jaci. Ele vendia 600 caixas de cerveja por semana. Desde a última quarta-feira, quando estouraram os conflitos em Jirau, o comerciante entregou apenas 10 caixas.
O medo do esvaziamento econômico, um fantasma que paira sobre o futuro de Jaci-Paraná com o fim das obras em 2013, derrubou os preços salgados da comida. O self-service da padaria Pão de Mel ficou mais barato, mas, ainda assim, as mesas permaneciam vazias no sábado.
Nos fundos da loja de Diogo Pereira, alugada por R$ 1,5 mil mensais, algumas famílias arrumavam as malas para partir de volta a suas cidades de origem. Mas o pedreiro Mauro Oliveira Cardoso, 34 anos e três deportações dos Estados Unidos por imigração ilegal, insistia em anunciar que voltará a trabalhar no canteiro da construtora Camargo Corrêa. Há três meses na obra, Cardoso esperava promoção e planejava usar o dinheiro para quitar dívidas deixadas pelas aventuras em terras americanas. "Vou ficar e esperar. Uma hora eles vão chamar o pessoal", dizia, mesmo insatisfeito com a empresa.
Perto de Jaci-Paraná, a nova vila de Mutum-Paraná, reconstruída pela Camargo em razão da futura inundação pelo lago de Jirau, ainda depende muito dos benefícios da empreiteira. Nas 1 mil casas ocupadas por remanescentes da velha Mutum e funcionários graduados da Camargo, ninguém sabe o que acontecerá depois de 2013. "Tenho dito que a gente precisa mais do que a indenização da Camargo e do salário que eles vão pagar até agosto. Mas o pessoal não quer saber disso", lamenta o presidente da associação dos moradores, Jacob Benarrosh. Gado, mudas de árvores e comércio miúdo são as alternativas.
Em Porto Velho, que se beneficia da arrecadação de impostos das usinas de Jirau e de Santo Antônio, o prefeito Roberto Sobrinho (PT) já começou a refazer as contas. Em 2008, a prefeitura recolheu R$ 41 milhões de ISS. Em 2010, superou R$ 120 milhões. Neste ano, previa-se R$ 150 milhões. Mas o êxodo de boa parte dos 22 mil operários de Jirau a suas cidades de origem deve abrir um buraco no caixa do município, às voltas com problemas de toda natureza provocados pelo inchaço da capital.
De obras de recapeamento asfáltico à reforma de postos de saúde e hospitais, Porto Velho precisa do ISS arrecadado das usinas para atender ao fluxo migratório, acrescido de 16 mil trabalhadores de Santo Antônio. "A cidade precisa de planejamento porque sabemos que isso tem prazo para acabar", diz o vice-presidente da Federação das Indústrias de Rondônia, Adélio Barofaldi."E não resta muito tempo." (MZ e Ruy Baron)
O intenso vaivém de dezenas de ônibus, carros, motos e operários deu lugar à apreensão dos comerciantes e dos renitentes moradores do distrito nascido como estação da lendária ferrovia Madeira-Mamoré. O movimento recuou, os bolsos estão mais precavidos e poucos operários circulam pelas ruelas esburacadas e poeirentas do lugar. "As vendas caíram 70%", diz Diogo Pereira, dono de uma próspera distribuidora de bebidas em Jaci. Ele vendia 600 caixas de cerveja por semana. Desde a última quarta-feira, quando estouraram os conflitos em Jirau, o comerciante entregou apenas 10 caixas.
O medo do esvaziamento econômico, um fantasma que paira sobre o futuro de Jaci-Paraná com o fim das obras em 2013, derrubou os preços salgados da comida. O self-service da padaria Pão de Mel ficou mais barato, mas, ainda assim, as mesas permaneciam vazias no sábado.
Nos fundos da loja de Diogo Pereira, alugada por R$ 1,5 mil mensais, algumas famílias arrumavam as malas para partir de volta a suas cidades de origem. Mas o pedreiro Mauro Oliveira Cardoso, 34 anos e três deportações dos Estados Unidos por imigração ilegal, insistia em anunciar que voltará a trabalhar no canteiro da construtora Camargo Corrêa. Há três meses na obra, Cardoso esperava promoção e planejava usar o dinheiro para quitar dívidas deixadas pelas aventuras em terras americanas. "Vou ficar e esperar. Uma hora eles vão chamar o pessoal", dizia, mesmo insatisfeito com a empresa.
Perto de Jaci-Paraná, a nova vila de Mutum-Paraná, reconstruída pela Camargo em razão da futura inundação pelo lago de Jirau, ainda depende muito dos benefícios da empreiteira. Nas 1 mil casas ocupadas por remanescentes da velha Mutum e funcionários graduados da Camargo, ninguém sabe o que acontecerá depois de 2013. "Tenho dito que a gente precisa mais do que a indenização da Camargo e do salário que eles vão pagar até agosto. Mas o pessoal não quer saber disso", lamenta o presidente da associação dos moradores, Jacob Benarrosh. Gado, mudas de árvores e comércio miúdo são as alternativas.
Em Porto Velho, que se beneficia da arrecadação de impostos das usinas de Jirau e de Santo Antônio, o prefeito Roberto Sobrinho (PT) já começou a refazer as contas. Em 2008, a prefeitura recolheu R$ 41 milhões de ISS. Em 2010, superou R$ 120 milhões. Neste ano, previa-se R$ 150 milhões. Mas o êxodo de boa parte dos 22 mil operários de Jirau a suas cidades de origem deve abrir um buraco no caixa do município, às voltas com problemas de toda natureza provocados pelo inchaço da capital.
De obras de recapeamento asfáltico à reforma de postos de saúde e hospitais, Porto Velho precisa do ISS arrecadado das usinas para atender ao fluxo migratório, acrescido de 16 mil trabalhadores de Santo Antônio. "A cidade precisa de planejamento porque sabemos que isso tem prazo para acabar", diz o vice-presidente da Federação das Indústrias de Rondônia, Adélio Barofaldi."E não resta muito tempo." (MZ e Ruy Baron)
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