26 de março de 2014

Rondônia, a nova fronteira de negócios

Canteiro de obra da loja Havan, em Porto Velho
Porto Velho, Rondônia - O município de Porto Velho, capital de Rondônia, ocupou em 2011, a sexta posição no ranking do PIB agrícola municipal do País e as projeções de crescimento na produção de grãos, carne e no segmento de serviços são positivas para os próximos anos. Esse cenário de impulso na economia está despertando interesse de empresários no segmento de serviços e produtores de grãos.
Na pesquisa Mensal de Serviço, divulgada no dia 19 de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rondônia pontuou crescimento de 12,5%. Os maiores desenvolvimentos foram registrados no Distrito Federal (25,1%) e Santa Catarina (12,6%).
De olho na taxa de crescimento econômico de Rondônia, o Banco da Amazônia (Basa), assinou, no mês passado, protocolo de intenção com o governo do Estado no sentido de promover ações coordenadas e impulsionar o desenvolvimento local.
A proposta do banco é aplicar, em sua totalidade, o dinheiro destinado pelo governo em empreendimentos rurais, ciência e tecnologia, turismo e cultura. O presidente do Basa, Valmir Pedro Rossi, fez questão de visitar o Estado e anunciar o montante que a instituição bancária tem disponível ao empresariado rondoniense: crédito no valor de R$ 1,2 bilhão. O montante disponível para linha de crédito chega bem próximo do orçamento do município de Porto Velho, fixado em R$ 1,98 bilhão.
Somente nos dois primeiros meses do ano, a instituição bancária assinou cartas de intenções que somam R$ 245 milhões. São projetos que consistem na construção de mais dois shoppings no Estado, ampliação de rede de supermercados e fábrica de tratores. “Vamos investir R$ 80 milhões no projeto e a obra deve começar ainda este semestre”, disse o empresário Luis Bernardi, ao assinar contrato com o banco. Ele reside em Ji-Paraná, segundo maior município do Estado, contemplado também com uma fábrica de tratores, cujo contrato de financiamento foi assinado também com o Basa.
O Grupo Havan anunciou a instalação de uma filial na capital rondoniense e a previsão de inauguração da nova loja será no mês de agosto. “A loja será de 16 mil metros quadrados e receberá investimentos de R$ 40 milhões”, disse Nilton Hang, responsável pela administração do empreendimento. A empresa será responsável pela geração de 200 novos postos de trabalho na Capital. “Toda a mão de obra será local. Percebemos que Porto Velho tem um varejo pujante e grandes empresas estão instaladas na Capital”.
Exportação passa de US$ 1 bilhão e registra marco para as vendas rondonienses 
Paralelo ao crescimento serviços, as exportações também registraram bom desempenho. Em 2013, segundo relatório produzido pela Superintendência Federal da Agricultura (DFA), Rondônia exportou mais de 550% em relação a 2012. A carne de Rondônia tem como os principais mercados consumidores o Egito, Hong Kong, Venezuela e Rússia.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o estado registrou exportações de US$ 1,041 bilhão, o que representou um marco para as vendas rondonienses que ultrapassaram pela primeira vez na história a marca dos US$ 1 bilhão. Por conta desse aumento nas exportações, o estado recebeu no último dia 25 de fevereiro o secretário do MDIC, Daniel Godinho.
Ele debateu com o governo do Estado e empresários medidas que podem impulsionar as exportações na região. “Vamos levar para Brasília um forte desejo do empresário do estado de exportar e uma série de deveres de casas. A importância dessas visitas é no sentido de aproximar o empresariado e saber o que devemos fazer para ajudar a impulsionar as exportações”, disse.
Para Godinho, outro fator importante para o crescimento das exportações é a logística. “A logística é um desafio para o Brasil. O governo está plenamente conscientizado para esse desafio. Vamos atacar o gargalo da logísticas. Temos os caminhos mapeados, precisamos melhorar os caminhos da hidrovia do Rio Madeira, em Porto Velho. Temos ainda que melhorar as condições de acesso ao pacífico. Rondônia também se destaca por ser um estado superavitário na balança comercial brasileira trazendo divisas para a economia nacional. Em 2013, o saldo na balança comercial foi recorde, com US$ 425 milhões”, disse.
Durante a visita ao Estado, o secretário lançou o Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE), uma iniciativa que integra o Plano Brasil Maior e busca diversificar as exportações brasileiras ampliando a participação do país no comércio internacional.
O PNCE planeja a oferta de ações ligadas à cultura exportadora nos estados brasileiros por meio da construção de Mapas Estratégicos de Comércio Exterior e da mobilização e capacitação de gestores públicos, empresários de pequeno e médio porte e profissionais de comércio exterior com a finalidade de aumentar e qualificar a base exportadora e fomentar políticas regionais alinhadas à Estratégia Nacional de Comércio Exterior. O plano é coordenado pelo MDIC em parceria com mais 17 instituições e a participação de 24 unidades da Federação, entre elas, Rondônia.
Porto Velho tem o 6º maior PIB Agrícola do brasil, aponta estudo do  ibge  
O município de Porto Velho tem o sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) Agrícola do Brasil, segundo divulgou o IBGE na pesquisa PIB dos Municípios 2011. O primeiro foi São Desidério (BA), seguido por Sorriso (MT) e Rio Verde (GO) – veja o gráfico.
De acordo com a pesquisa, os movimentos entre as capitais foram sempre suaves, sendo que, em relação a 2010, houve ganho de posição de São Luís (Maranhão), Cuiabá (Mato Grosso), Florianópolis (Santa Catarina) e Porto Velho (Rondônia) em relação a Belém (Pará), Natal (Rio Grande do Norte), Teresina (Piauí) e Aracaju (Sergipe), respectivamente.
“Esse crescimento da agricultura e pecuária se deve a extensão territorial do município de Porto Velho, que é maior que o Estado de Alagoa, e o trabalho de campo realizado pela Embrapa. A produção agrícola da Capital rondoniense é maior que Brasília, que não é pouca”, explicou Samuel, economista da Embrapa.
Segundo a Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), em 2011 Porto Velho foi o terceiro maior produtor de madeira em tora da extração vegetal. A atividade pecuária também foi expressiva.
A Embrapa, através da sua tecnologia e estudos, conseguiu na cidade de Cerejeiras, sul do Estado, produzir a maior quantidade por metro quadrado de soja; 76 sacas por hectare.
De olho nesse incremento, a Prefeitura de Porto Velho aumentou em 40% o orçamento da Secretaria Municipal da Agricultura (Semagric) e ampliou as parcerias. Um convênio firmado com Embrapa permite levar tecnologia de ponta à agricultura familiar. “Estamos utilizando tecnologia de ponta para que o produto seja competitivo”, explicou o secretário Leonel Bertolin.
O município está indo para um caminho de organização da agricultura. O projeto para 2014/2015, de acordo com a Semagric, é plantar 30 mil hectares de soja. A oportunidade de negócios está atraindo pessoas de outras regiões que estão investindo na plantação de soja na Ponta do Abunã, divisa de Rondônia com o Acre. “Por outro lado, tem pecuaristas se organizando na verticalização da agricultura. O uso do gado em pouco espaço é importante para a sustentabilidade da cidade”, disse o secretário.
O grupo Amaggi, pretende instalar uma moedora de soja em Porto Velho e os estudos estão bem adiantados. O município também vai receber dois novos laticínios de leite. “Esses investimentos agregam mais valor e geram receita. Permitem também abrir novos postos de trabalho, além de organizar a agricultura”, garantiu Leonel.
Faltam armazéns para estocar produção agrícola do Estado
Enquanto o setor de grãos se expande na Capital, existe uma preocupação muito grande onde estocar essa armazenagem de alimentos. Hoje, Rondônia tem um déficit de armazenagem de 540 mil toneladas de grãos e conta apenas com armazens nas cidades de Porto Velho, Cacoal e Vilhena, no Sul do Estado.
Desse total, cerca de 300 mil toneladas estão localizadas na microrregião Colorado do Oeste, que engloba o município de Cerejeiras, responsável por cerca de 25 % da produção de grãos (arroz em casca, milho e soja).
Recentemente, o Consórcio Engineering Estrutural venceu a licitação para prestação de serviços de engenharia e elaboração de estudos preliminares e projetos executivos de arquitetura e engenharia, realização de levantamentos topográficos e sondagens dos novos armazéns da Conab. Serão investidos R$ 7.588.426,34, mas existe previsão de construção de novos armazéns em Rondônia.
Esse ano, a Conab efetivou no seu sistema 83 cadastros com impedimentos. Juntos, eles teria capacidade de atender 707.578 toneladas de grãos. “A Conab se propôs em alugar armazéns para receber a produção de grãos, mas muitos contratos de aluguel não são firmados por falta de certidão negativa dos proprietários”, afirmou o superintendente da Conab no Estado, Everaldo da Silva Santos.
A Conab recebeu, no dia 22 de fevereiro, a escritura de um terreno em Cerejeiras, sul do Estado. A área de 6 hectares foi doada pela prefeitura do município, para a futura construção de um silo graneleiro. O município começa a se expandir na produção de soja e novas áreas serão plantadas a partir deste ano.
Atualmente, a companhia dispõe apenas de três armazéns convencionais no estado de Rondônia e não há unidades credenciadas para movimentação, guarda e conservação de grãos a granel na região.
De acordo com o presidente da companhia, Rubens Rodrigues Santos, a Conab fará estudos de viabilidade para a construção um silo com capacidade para 50 mil toneladas de grãos a granel, com investimento de R$ 20 milhões. A ação depende de aprovação, pela Casa Civil, de um remanejamento de recursos previstos pelo Plano Nacional de Armazenagem, que abrange apenas reformas nos armazéns convencionais da Companhia nos municípios de Cacoal, Porto Velho e Vilhena.
CHUVA AFETA ECONOMIA DAS CIDADES
Produtor rural tenta salvar o que escapou da enchente
A Conab prevê para safra 2013/2014 algo em torno de 870.870 toneladas de soja, arroz e milho, um crescimento de 20% em relação a safra do ano passado. Mas esses números podem ser alterados esse ano. A enchente histórica no rio Madeira, em decorrência da chuva que atinge a Bolívia, comprometeu a produção agrícola dos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré. De acordo com estimativas da Secretaria Municipal de Agricultura, os prejuízos somam mais de R$ 600 milhões e os números poderão aumentar.
“Pecuaristas estão isolados em suas propriedades rurais. O transporte de gado nesse período é bastante complicado por conta também do inverno amazônico. A BR-364, no trecho Porto Velho-Rio Branco, está intransitável e a Polícia Rodoviária Federal, decidiu proibir o trânsito de carretas por conta do volume de água (78 cm) acima do nível da BR. Sem estradas, não existe como escoar a produção agrícola. Ainda nesse cenário de muita água, não tem como vender o gado.
A presidente Dilma Rousseff esteve em Porto Velho, e decretou estado de calamidade pública. “Porto Velho já soma um prejuízo de 1 bilhão com a enchente no rio Madeira. Vamos ter que reconstruir a cidade”, disse o prefeito Mauro Nazif.
A situação também é delicada em Nova Mamoré. “Frigoríficos deixaram de abater o gado. A falta de estradas dificultou o transporte do gado e alimentos”, disse o prefeito de Nova Mamoré, Laerte Queiroz.
De olho no comércio da soja
Enquanto o setor público patina e de olho no impulso agrícola do Estado, empresários buscam financiamentos junto ao bancos para construção de novos armazéns. É o caso do empresário Mário Português, proprietário de uma área na região de Jaci-Paraná, distrito de Porto Velho. Ele está construído silos de armazenagem com capacidade de estocar 200 mil sacas. Na mesma propriedade começou a plantar soja e milho. “Pretendemos esse ano colher 50 mil sacas da safra 2013/2014. Já para a safra 2014/2015 o futuro é promissor. Estamos trabalhando para colher 200 mil sacas”, disse. Para o empresário, o município de Porto Velho vive bom momento no agronegócio. “Hoje o sul do Estado domina a produção de grãos, mas a região de Porto Velho começa a abrir novas oportunidades de agronegócios”, disse.
Já o empresário Neodi Carlos trocou a pecuária pela soja e arroz em sua propriedade rural localizada na cidade de Machadinho, distante 300 km da Capital. “Começamos com uma plantação de 100 hectares de soja e esse ano plantamos 2.274 hectares de arroz.”, disse.

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