Distrito de São Carlos, região de Porto Velho |
Porto Velho, Rondônia - A
cota do Madeira oscilou em torno dos 19,15 metros ontem em Porto
Velho aumentando as preocupações provocadas pela cheia histórica
do rio. A Defesa Civil trabalha com a expectativa de uma cota de
19,50 metros, o que poderia alagar uma área grande da Capital, que
ainda não se sabe qual seria. "Cada centímetro de subida do
rio representa uma grande área por onde a água se espraia, por
isso, as ações de socorro continuam, com a retirada das pessoas de
suas casas, além de assistência aos desabrigados", informa o
coordenador da Defesa Civil Municipal, José Pimentel.
"O certo
é que entre 2.400 a 2.500 pessoas já foram retiradas de suas casas
pela Defesa Civil e somando-se às que saíram por conta própria, a
prefeitura calcula que cerca de 3.800 família, ou 19 mil pessoas,
foram expulsas de seus lares", de acordo com o prefeito da
Capital, Mauro Nazif. Ele aguardava para ontem o resultado da
análise da Defesa Civil Nacional do decreto de Calamidade Pública
no município. A entrega do decreto foi feita pessoalmente pelo
prefeito, juntamente com o governador Confúcio Moura e a bancada de
Rondônia. A comitiva também esteve com a presidente Dilma Rosseff,
que garantiu apoio.
A expectativa de prejuízos das alagações já chega a R$ 1 bilhão e a prefeitura precisa de recursos para atender aos desabrigados e também para reconstruir o centro histórico da cidade, no período pós-enchente.
Entre os pleitos levados pelos rondonienses à Defesa Civil Nacional está a liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para quem perdeu suas casas, a construção de casas populares e a prorrogação de prazos para o pagamento de financiamentos de agricultores e pecuaristas.
Comunidades
centenárias preocupam
O
prefeito se mostra particularmente preocupado com a situação "das
comunidades centenárias do Baixo Madeira, como é o caso dos
moradores de Demarcação, Calama, Nazaré e São Carlos, onde as
casas estão encobertas e existe um grande comprometimento do lençol
freático, com a contaminação dos poços amazônicos e tubulares,
além do fato de o solo, arenoso e frágil, ter sido atingido pela
alagação. Cada distrito conta com 1.000 a 1.200 famílias e parte
delas está alojada no Lago do Cuniã e mais recentemente em uma área
conhecida como Cavalcante, onde 100 famílias já estão abrigadas.
"Para onde irão? pergunta Nazif. Eles se mostram temerosos de
retornar às suas casas e há a necessidade de buscar alternativas",
afirma.
O prefeito ressaltou que uma liminar expedida nesta semana pela Justiça Federal obriga as concessionárias das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau a se responsabilizarem pelo socorro às pessoas desabrigadas a montante dos dois empreendimentos, incluindo, portanto, os distritos de Jacy-Paraná, Abunã e Fortaleza do Abunã. A cheia atinge três municípios - Porto Velho, Nova Mamoré e Guajará-Mirim -, sendo a Capital o mais atingido. Os dois últimos sofrem com a dificuldade de abastecimento por causa da alagação da BR-364. (Texto: Ana Aranda. Foto: Marcos Freire).
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