14 de março de 2014

Rondônia pode ter prejuízos de R$ 1 bilhão com alagações

Distrito de São Carlos, região de Porto Velho
Porto Velho, Rondônia - A cota do Madeira oscilou em torno dos 19,15 metros ontem em Porto Velho aumentando as preocupações provocadas pela cheia histórica do rio. A Defesa Civil trabalha com a expectativa de uma cota de 19,50 metros, o que poderia alagar uma área grande da Capital, que ainda não se sabe qual seria. "Cada centímetro de subida do rio representa uma grande área por onde a água se espraia, por isso, as ações de socorro continuam, com a retirada das pessoas de suas casas, além de assistência aos desabrigados", informa o coordenador da Defesa Civil Municipal, José Pimentel.

"O certo é que entre 2.400 a 2.500 pessoas já foram retiradas de suas casas pela Defesa Civil e somando-se às que saíram por conta própria, a prefeitura calcula que cerca de 3.800 família, ou 19 mil pessoas, foram expulsas de seus lares", de acordo com o prefeito da Capital, Mauro Nazif. Ele aguardava para ontem o resultado da análise da Defesa Civil Nacional do decreto de Calamidade Pública no município. A entrega do decreto foi feita pessoalmente pelo prefeito, juntamente com o governador Confúcio Moura e a bancada de Rondônia. A comitiva também esteve com a presidente Dilma Rosseff, que garantiu apoio. 

A expectativa de prejuízos das alagações já chega a R$ 1 bilhão e a prefeitura precisa de recursos para atender aos desabrigados e também para reconstruir o centro histórico da cidade, no período pós-enchente.

Entre os pleitos levados pelos rondonienses à Defesa Civil Nacional está a liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para quem perdeu suas casas, a construção de casas populares e a prorrogação de prazos para o pagamento de financiamentos de agricultores e pecuaristas.

Comunidades centenárias preocupam

O prefeito se mostra particularmente preocupado com a situação "das comunidades centenárias do Baixo Madeira, como é o caso dos moradores de Demarcação, Calama, Nazaré e São Carlos, onde as casas estão encobertas e existe um grande comprometimento do lençol freático, com a contaminação dos poços amazônicos e tubulares, além do fato de o solo, arenoso e frágil, ter sido atingido pela alagação. Cada distrito conta com 1.000 a 1.200 famílias e parte delas está alojada no Lago do Cuniã e mais recentemente em uma área conhecida como Cavalcante, onde 100 famílias já estão abrigadas. "Para onde irão? pergunta Nazif. Eles se mostram temerosos de retornar às suas casas e há a necessidade de buscar alternativas", afirma.


O prefeito ressaltou que uma liminar expedida nesta semana pela Justiça Federal obriga as concessionárias das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau a se responsabilizarem pelo socorro às pessoas desabrigadas a montante dos dois empreendimentos, incluindo, portanto, os distritos de Jacy-Paraná, Abunã e Fortaleza do Abunã. A cheia atinge três municípios - Porto Velho, Nova Mamoré e Guajará-Mirim -, sendo a Capital o mais atingido. Os dois últimos sofrem com a dificuldade de abastecimento por causa da alagação da BR-364. (Texto: Ana Aranda. Foto: Marcos Freire).

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