O Partido da República-PR realizará suas convenções neste fim de
semana para homologar a candidatura da advogada e empresária, Dirlaine
Jaqueline Cassol, 39 anos, ao governo do Estado. Divorciada, mãe de dois
filhos, nascida em São Miguel do Oeste (SC) e residente em Rondônia
desde os três anos de idade, quando da transferência da família para
Rondônia, a pré-candidata é ex-diretora do Detran-RO, filha de
descendentes italianos e trabalha desde cedo para ajudar a família,
quando aprendeu cozinhar, lavar, passar e costurar ainda adolescente.
A política chegou cedo à sua casa, pois seu pai, Reditário Cassol,
foi administrador da localidade de Cerejeiras, nomeado por Teixeirão no
final da década de 70. Nas campanhas eleitorais, ainda adolescente,
acompanhava seu pai (eleito deputado federal) e o irmão César Cassol
(deputado estadual e depois prefeito) nas campanhas, assim como o irmão
Ivo, que se tornou o primeiro governador a se reeleger no Estado.
Jaqueline foi escolhida pelo cacique Ivo Cassol, impedido de disputar
a eleição, e deverá contar com o apoio do PP – que tem por enquanto
como candidato interino o deputado Maurão de Carvalho – e o PPS que é
presidido no Estado pelo ex-governador João Cauhla.
Em meio a um racha familiar, com o irmão César Cassol preterido na
disputa pela família; e numa outra peleja partidária na coalizão com
Maurão de Carvalho, que também almeja disputar o governo, Jaqueline
concedeu entrevista, abrindo a série dos pré-candidatos.
Diário – Sua escolha como pré-candidata motivou um racha
familiar, com seu irmão César Cassol sendo preterido. Esse impasse na
família já foi resolvido?
Jaqueline – Na verdade, meu irmão César não tem como
ser candidato porque não se desvinculou a tempo. Nossa família é
descendente de italianos e às vezes as questões extrapolam, e os
conflitos familiares ganham peso na mídia porque todos têm uma vida
pública. Torço para que o impasse seja resolvido logo.
Diário – Existem dois candidatos no grupo político liderado
pelo seu irmão, o ex-governador e atual senador Ivo Cassol. Essa divisão
de forças pode ser resolvida nas convenções?
Jaqueline – Acredito que até as convenções tudo seja
esclarecido. Acho que a candidatura do deputado Maurão é legítima, como
é a minha, mas fundamentalmente é preciso ocorrer a escolha que seja
melhor para o povo de Rondônia. Sou desprovida de vaidade política e o
que for decidido nas convenções da aliança será respeitado.
Diário – A família Cassol é pioneira nas regiões do Cone Sul e
Zona da Mata e está instalada no Estado há 36 anos. Como foram os
primeiros anos, ainda no antigo Território?
Jaqueline – Foram anos de pioneirismo, os primórdios
da colonização. Foram anos duros. Meu pai e minha mãe quantas vezes
tiveram que percorrer, a pé, de Pimenta Bueno à nossa fazenda atual (em
Santa Luzia/Rolim de Moura), levando cacaio nas costas. Cedinho aprendi a
fazer comida, costurar. Meus irmãos trabalharam duro com trator abrindo
a fazenda, depois na serraria.
Diário – Tudo começou com um hotel em Vilhena…
Jaqueline – Foi em Vilhena, o início de tudo. Depois
meu pai e meus irmãos foram desbravar a região de Cerejeiras. Meu pai
(Reditário Cassol) foi nomeado administrador da localidade antes da
nossa epopeia na Zona da Mata. Todo mundo ralou e Ivo chegou a ser
caminhoneiro, transportando frutas para Manaus pela BR-319.
Diário – Depois de tantos anos em Rondônia, como vê os principais desafios do Estado nos próximos anos?
Jaqueline – Sem dúvidas o enfrentamento da saúde,
educação, segurança pública, agricultura, além das estradas, que são
problemas que precisam ser equacionados para Rondônia voltar aos
trilhos.
Diário – Por que a participação feminina tem
sido reduzida nas campanhas políticas? Os partidos têm dificuldades em
cumprir as quotas exigidas pela Justiça Eleitoral…
Jaqueline – Nesta eleição em Rondônia tenho visto
mais interesse das mulheres na participação. Em nossos partidos de
aliança (PR/PP/PPS) estamos cumprindo as exigências da Justiça
Eleitoral, mas é necessário uma presença mais efetiva da mulher no
cenário político.
Diário – Na década de 90, seu pai, o então deputado federal,
Reditário Cassol, foi autor de um projeto polêmico dividindo Rondônia
pela metade, criando um novo Estado, com um pedaço do Mato Grosso, e
outro de Rondônia, o novo Estado do Aripuanã. Nos dias de hoje um
projeto desta natureza teria seu apoio?
Jaqueline – Quando meu pai apresentou este projeto
eu era ainda uma adolescente, não conseguiria avaliar a coisa naquela
época. Hoje seria contrária, pois vejo um Estado consolidado, não
haveria esta necessidade.
Diário – Tradicionalmente quando ocorrem duas candidaturas da
mesma região, um dos candidatos acaba levando a melhor, mas no segundo
turno, por causa da briga regional, acaba sangrando. Mais uma vez a Zona
da Mata viverá esta situação, e como espera reverter esta tendência?
Jaqueline – Na verdade, existem diferenças pontuais
na minha candidatura com meu adversário também com bases firmadas na
Zona da Mata. Primeiro, porque não sou ficha suja, e com isso já saio
com um diferencial importante. Além disso, minha vida tem sido mais
presente em Porto Velho, dos meus 36 anos de Rondônia, pelo menos 15
anos foram vividos na Capital.
Diário – A senhora fala que seu adversário regional é ficha
suja, mas seu irmão, seu principal apoio também é. O que tem a dizer a
respeito?
Jaqueline – Existem diferenças. Meu adversário foi
cassado pela compra de votos e isso o Estado inteiro tem conhecimento.
Já Ivo Cassol foi julgado por algo e, mesmo condenado, foi reconhecido
que não houve lesão ao erário e tampouco má fé. Foi um erro formal da
equipe dele, não dele, conforme escreveu no processo a ministra Carmem
Lúcia.
Diário – A senhora tinha desistido da política no ano passado. O que motivou sua volta ao cenário?
Jaqueline - É recorrente em Rondônia, quando alguma
liderança começa a despontar, ou até mesmo governadores em pleno
mandato, ser alvo de boatos maldosos. No ano passado tentaram jogar meu
nome na lama. Foi uma grande maldade com minha família, com meus filhos,
que sofreram muito. Fiquei desanimada, desacreditada na época, mas como
uma boa Cassol, guerreira, resolvi entrar nesta disputa para mostrar
que eu não me dobro aos desmandos e à corrupção. Tenho sido estimulada
pelas mulheres, pelas lideranças regionais para a disputa, e assim como
JK, (NR: o ex-presidente Juscelino) tenho audácia, coragem e
determinação. Por isso resolvi ir à luta.
Diário – Com que partidos a senhora pretende contar nesta
jornada? Quem deverá ser indicado seu vice e qual será sua dobradinha ao
Senado?
Jaqueline – Além do meu PR, espero contar com o PP, o
PPS e o Pros. Mas estamos conversando também com outras legendas, como é
o caso do Partido Verde. No tocante ao vice e à dobradinha ao Senado
ainda dependem das alianças que estão sendo costuradas.
Por, Carlos Sperança – Foto: Roni Carvalho/Diário da Amazônia
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