O prefeito eleito de Guajará-Mirim, Cícero Noronha (DEM) e Davino Serrath, terão de correr contra o tempo na construção de uma nova história da Pérola do Mamoré, como é conhecido o município que faz fronteira com a Bolívia. Nos últimos anos, os prefeitos eleitos pelo voto direto da população não conseguiram cumprir as promessas de campanha. Receberam a prefeitura com dívidas, enfrentaram a enchente histórica do rio Mamoré em 2014 e tiveram problemas com a prestação de contas do município.
A cidade também deixou de receber importantes recursos do Governo Federal e Estadual em função da falta de prestação de contas de convênios anteriores. Agora, Noronha e seu vice receberam das urnas uma grande responsabilidade: ajustar o município, atrair investidores e viabilizar ações do Governo Federal, lutar em defesa das questões indígenas e, principalmente, buscar uma alternativa para solucionar os problemas existentes na saúde.
Noronha vem do segmento empresarial. O democrata é ligado a Associação Comercial e tem bom relacionamento com o governo do Estado. Guajará precisa retomar a força econômica da Área de Livre Comércio. Na década de oitenta, o comércio do município atraía turistas de todo o Estado por conta do preço acessível dos produtos importados. Quem lucrava com essa movimentação era o setor de hotelaria e os cofres da prefeitura. A arrecadação estava em crescimento e o dinheiro retornava em benefício da população.
O município de Guajará-Mirim tem 93% de sua área preservada e, muitas vezes, esse papel de bom amigo do meio ambiente impede a região de crescer para outras vertentes. No ano passado, a Assembleia Legislativa discutiu em audiência pública a implantação da Zona Franca Verde, cujo decreto foi sancionado pela então presidente Dilma Rousseff (PT). O decreto proporciona incentivos fiscais para indústrias de beneficiamento dos recursos ambientais e matéria-prima regionais de origem florestal, pesqueira, agropecuária e mineral. A lista inclui frutos, sementes, animais, madeiras, entre outros.
Guajará-Mirim agora, mais do que nunca, precisa da força da bancada federal de Rondônia no Congresso Nacional no sentido de empenhar recursos no Orçamento Geral da União para a região, em especial no setor de saúde. No ano passado, o Ministério do Trabalho chegou a interditar o Hospital Regional após constatar péssimas condições na estrutura do prédio. Em setembro, uma equipe gestora temporária foi designada para assumir a administração por um prazo de 120 dias. Agora, o novo prefeito terá de nomear uma equipe técnica com conhecimento profundo da situação e sanar esses principais problemas que atingem diretamente a população.
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