Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) de Rondônia sobre a prisão por reincidência de mulheres entre 2016 e 2017, conforme mostrou ontem um site de notícia de Porto Velho, revelam que o tráfico de drogas está bem longe de acabar e a fronteira de Rondônia com a Bolívia ainda é uma rota importante para os traficantes.
Segundo os números apresentados pela Sejus, 53% das mulheres presas no período de 2016 e 2017 foram por reincidência no crime de tráfico de drogas. Ocorre que as mulheres foram detidas levando drogas aos maridos presos no sistema prisional.
Além de gerar um caos para inflar o sistema prisional e elevar as despesas orçamentárias do Estado, as prisões causam sérias consequências às famílias menos favorecidas. Muitas dessas mães, são as únicas responsáveis por cuidar dos filhos e muitas delas exercem também o papel de pai em seus lares. Com essas prisões de mulheres contabilizadas nas estatísticas da Sejus, as crianças ficam totalmente desprotegidas e vulneráveis ao ingresso no mundo do tráfico.
Delegadas especialistas falam sobre que a reincidência é um fato comum nos crimes que envolvem o tráfico de drogas. Entendem que a lei brasileira considera a prisão uma excessão. A lei penal prevê que a pessoa tem o direito constitucional de responder em liberdade. Por conta disso, a reincidência criminosa é tão grande. As mulheres sabem que têm esse privilégio, e ao invés de aproveitá-lo para procurar a recuperação, continuam na conduta criminosa e acabam trazendo mais problemas familiares.
O perfil do tráfico também mudou e os números apontados pela Sejus revelam isso. Hoje é comum ver mulheres e até famílias inteiras na atividade criminosa. Talvez a causa principal do crescimento dessa atividade criminosa é o retorno financeiro que o tráfico de drogas proporciona.
Os dados não são exclusivos de Rondônia. O envolvimento de mulheres cresceu no País inteiro, tanto na venda quanto na distribuição, conforme constatou o Ministério da Justiça.
Em relação a atuação da polícia, a delegada afirma que o trabalho de prevenção é tão importante quanto a repressão. E que a polícia tem que atuar não somente na prisão e desmanche de bocas de fumo, mas também dos fornecedores.
“O boqueiro é último elo da cadeia do tráfico. Temos que atuar em todo o ciclo, desde a distribuição da droga que vem de outros países como Bolívia e Peru, passa pelas fronteiras e chega até as bocas de fumo. Nossa atuação tem que ser em todas essas etapas para tentar barrar o ciclo”.
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