31 de outubro de 2017

Empresas lucram com roubo e furto de veículos


Os números elevados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, divulgado ontem em Brasília, revelam que Porto Velho está em segunda posição no ranking de roubo de veículos. Em 2016, segundo o relatório, o roubo de veículos atingiu 1.380. Os dados do Anuário Brasileiro são feitos com base nos registros do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e são de conhecimento das secretarias estaduais de segurança pública. 
A cidade de Porto Alegre está no topo da tabela com 1.446 veículos roubados. No caso de Porto Velho, boa parte desses automóveis é levada para a Bolívia, onde é trocada por droga ou tem uma encomenda certa. A preferência dos marginais, são caminhonetes. Muitos bandidos costumam utilizar as BRs-364 e 429, principal via de acesso à Bolívia. Outra alternativa das quadrilhas é a BR-425, que liga Porto Velho a Guajará-Mirim, cidade que faz fronteira com o município boliviano Guayaramérin. 
Geralmente, quem enfrenta esse tipo de violência fica com as consequências para o resto da vida. Os bandidos, quando roubam automóveis, costumam deixar as vítimas amarradas. A estratégia é utilizada para ganhar tempo até o veículo ser transportado pelas quadrilhas até o comércio boliviano. Outras vítimas precisam receber atendimento psicológico e vivem assustadas.
Esse tipo de violência gera lucro para as empresas que atuam na atividade de seguradora. Assim como o roubo de veículo dispararam, as vendas de seguro de automóveis também tiveram impulso nos últimos anos conforme apurou o Diário. Novas empresas estão se instalando em Porto Velho para abocanhar uma parte dessa receita. As seguradoras enxergam em Rondônia um grande potencial, uma vez que a região concentra cerca de 15% dos veículos seguráveis de toda a região Norte, de acordo com uma análise realizada a partir de dados do Denatran.
Na semana passada, governadores reunidos em Rio Branco, no Acre, pediram apoio do presidente Michel Temer (PMDB) no sentido de reforçar a fiscalização nos Estados que fazem fronteira com a Bolívia. A fronteira ainda é a principal saída para o comércio de drogas e roubo e furtos com destino a Bolívia. A fiscalização, infelizmente, ainda é deficiente e as quadrilhas aproveitam essa deficiência do Governo Federal para abusar de nossas fronteiras. Os governos estaduais, com atual estrutura de pessoa, não conseguem fiscalizar a fronteira diariamente e, muitas das vezes, contam com apoio do Exército Brasileiro na fronteiras.

26 de outubro de 2017

Menos recursos para habitação em Rondônia

Rondônia sofreu um corte de mais de R$ 70 milhões, dinheiro que seria destinado para investimentos em programas de habitação no Estado. O valor seria necessário para atender uma boa parcela da população que aguarda na longa fila de espera de residências populares. 
A redução do volume de recursos acontece em função do  Ministério das Cidades ter atendido um pedido da Caixa Econômica para remanejar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) entre programas da área de habitação e entre Unidades da Federação. Até aí tudo bem. O problema parece ser na falta de critério para fazer esse remanejamento.
O remanejamento, conforme mostrou ontem o Diário, favorece Estados como o de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. São Paulo passou a contar com mais que o dobro do recurso previsto para as ações na área de habitação neste ano, saindo de R$ 7,1 bilhões para R$ 15,4 bilhões. Minas teve o orçamento elevado de R$ 3 bilhões para R$ 6,2 bilhões e Goiás saiu de uma previsão de R$ 900 milhões para 3,7 bilhões. 
Porto Velho sofreu em 2014 uma das piores enchentes da história e muitas famílias tiveram de ser retiradas de áreas de risco no bairro Triângulo, um dos mais afetados com a cheia do rio Madeira. Até hoje existem famílias sem residência própria.
Ainda na capital rondoniense, pelo menos dois conjuntos habitacionais tiveram de ser desocupados por problemas na infraestrutura. Mais de 200 famílias deveriam morar nos conjuntos localizados no bairro Floresta e na Vieira Caúla, região central da cidade, mas elas tiveram de ser retiradas do local em função do risco de desamento dos prédios.  Quando os moradores ocuparam os imóveis abandonados, eles tiveram de fazer adaptações na estrutura, o que acabou comprometendo todo o prédio. 
Rondônia foi um dos Estados da federação mais beneficiados com obras de programa de habitação. Foram mais de 20 mil imóveis entregues através de programas de habitação e esse investimento ajudou a impulsionar a economia nos municípios, além de aquecer as vendas em lojas de material de construção. 
Até o início de 2015, Rondônia tinha um saldo em carteira disponível na Caixa Econômica Federal algo em torno de R$ 1,8 milhão para novos investimentos. Esse percentual deveria dobrar no ano passado, mas isso não aconteceu - a previsão era de injetar mais de R$ 500 milhões no Estado. Os cortes anunciados pelo Governo Federal só complicam o sonho da classe menos favorecida. 

25 de outubro de 2017

Aumento na conta de energia

Rondônia tem energia de sobra produzida pelas usinas do rio Madeira, em Porto Velho, mas esse privilégio não é o suficiente para o Estado se livrar do reajuste inesperado 45% na bandeira vermelha, anunciado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mais uma vez, a classe média vai pagar a conta. 
Geralmente, esse sistema de bandeira tarifária vermelha é acionado quando a produção de energia fica crítica nos reservatórios localizados em outras regiões do Brasil. Apesar de chover bastante em Rondônia, os reservatórios estão dentro da normalidade, mas desde o último dia primeiro que a população está pagando energia na bandeira vermelha. É a primeira vez que o sistema é acionado. A medida é uma forma de compensar o acionamento das usinas termoelétricas, cuja operação é mais cara. 
A proposta de reajuste de 45%  foi colocada em audiência publica no início da tarde de ontem, mas entrará em vigor em novembro em regime excepcional, segundo a agência, que busca adequar a bandeira tarifária às necessidades para poupar água dos reservatórios de hidrelétricas e garantir recursos para cobrir custos das termoelétricas, acionadas em períodos de seca, conforme destacou a Revista Veja, sem seu site eletrônico.
Vale destacar que onze localidades de Rondônia estão fora da cobrança por força da Lei 13.182/15, Essas regiões são áreas isoladas ou parcialmente integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e que portanto não usufruem totalmente dos serviços, estão isentos das bandeiras tarifárias aplicadas desde o início do ano.  O reajuste anunciado ontem pela Aneel não atinge as cidades de Alvorada, Buritis, Campo Novo, Costa Marques, Cujubim, Machadinho, São Francisco, Vale do Anari, além das localidades de Triunfo (Candeias do Jamari) e os distritos de Porto Velho, União Bandeirantes, Nova Califórnia, Vila Extrema e Vista Alegre.  
As justificativas apresentadas pela equipe da Aneel servem de bom motivo para ações na Justiça. É preciso identificar qual foi a lógica utilizada para chegar a esse percentual elevado no bolso no consumidor. Vale destacar que os moradores dos municípios que estão fora do SIN tiveram de ser ressarcidos por conta da cobrança indevida da bandeira vermelha. As empresas responsáveis pela distribuição de energia devem ressarcir os consumidores por conta de cobranças indevidas.
Ao que parece, o governo vê a crise hídrica como uma boa oportunidade para cobrir o rombo nas contas públicas, ocasionado em função de um poderoso esquema de desvio de recursos públicos.

24 de outubro de 2017

Rodovias sem fiscalização e o abuso dos caminhoneiros

Um estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado ontem revelou que a falta de fiscalização nas rodovias pode complicar ainda mais a crise no setor de transporte de cargas. Essa atribuição é do Ministério dos Transportes, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit).
Em Rondônia, a única balança de fiscalização dos caminhões que transitam pela BR-364 está localizada no município de Ouro Preto do Oeste, região central do Estado. O problema é que a balança está desativa e segundo a superintendência do Dnit no Estado, a previsão de reativação e para 2018.
A falta de uma balança é um convite especial para a ilegalidade e irresponsabilidade. É comum encontrar na rodovia federal carretas transportando cargas bem acima do peso. Além de ocasionar grande risco de acidente, o que é mais grave, a falta de fiscalização contribui para a péssima qualidade do asfalto na BR-364 em território rondoniense.
Os pontos mais críticos, segundo apurou o Diário, estão no trecho entre Jaru Ariquemes e Cacoal e Pimenta Bueno. São trechos considerados perigosos e onde ocorreram os maiores índices de acidentes.
Outro problema apontado, segundo o estudo “Transporte Rodoviário de Carga (TRC): características estruturais e a crise atual” o aumento no número de transportadores, tanto de autônomos quanto de empresas, levou ao acirramento da concorrência, resultando em grande ociosidade na frota de caminhões e a consequente diminuição do preço do frete.
Atualmente, o setor tem 188 mil empresas de transporte de carga, cuja frota atinge 1,3 milhão de veículos. Elas dividem o mercado com 919 mil transportadores autônomos de carga (TACs), com uma frota de 1,1 milhão de veículos, e 400 cooperativas de transporte rodoviário de cargas (CTC), com frota de 18,8 mil veículos. A BR-364 é a única rodovia federal de acesso dos estados de Rondônia e Acre e sul do Amazonas, ao sul do Brasil.
Na próxima semana, a Comissão de Infraestrutura do Senado Federal discutirá a proposta de concessão da BR-364, no trecho entre os municípios de Comodoro (MT) e Porto Velho (RO). O abuso dos motoristas que circulam pelas estradas colocando em risco a vida das pessoas será um tema importante para colocar em discussão. Hoje a rodovia federal está bem abaixo da sua capacidade e o custo com a recuperação da estrada é elevadíssimo para os cofres do governo. De nada adianta o governo investir na melhoria do asfalto se não tem fiscalização efetiva nas rodovias. 

23 de outubro de 2017

Exploração sexual de crianças em alta no Brasil

O Brasil apresentou pelo menos 175 mil casos de exploração sexual de crianças e adolescentes entre 2012 e 2016. Esse número representa a ocorrência de quatro casos desse tipo de crime por hora. A notícia foi destaque na edição de ontem do Diário da Amazônia, e chamou a atenção pelos números que atingem a população rondoniense.
A apuração dos casos ocorridos aqui feita pela equipe de reportagem do jornal, mostra que o estado de Rondônia registrou neste mesmo período mais de 700 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, número alto que surpreendeu até mesmo os representantes do Ministério Público Estadual. 
Esses números são aqueles registrados pelas estatísticas do Disque 100. No entanto é bom lebrar que muitos casos deixam de ser contabilizados nos índices alarmantes em função do medo. 
Nos últimos dias, os setores de proteção à criança e ao adolescente ganharam um importante apoio através das redes sociais. É que muitas denúncias estão sendo compartilhadas por meio de aplicativos como o WhatsApp e mídias sociais como o Facebook  e estão chegando com maior rapidez na mesa do promotor de Justiça. 
É nesse sentido que o jornal Diário da Amazônia está desenvolvendo uma ampla campanha contra a violência infantil. Batizada de “Quem Ama Protege”, o objetivo do trabalho é chamar a atenção da sociedade para que se faça uma reflexão mais profunda sobre o assunto e levar à população mais informações dos mecanismos de proteção em benefício das crianças e adoslescentes, vítimas dessa barbárie. 
O Brasil ainda precisa avançar muito para reverter esses números. Entre 2015 e 2016, foram 37 mil casos de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos foram denunciados. Os dados ainda apontam que, no total, 67,7% das crianças e jovens que sofrem abusos são meninas, contra 16,52% dos meninos. 
Os casos em que o sexo da criança não foi informado totalizaram 15,79%. A maioria dos casos (40%) envolve crianças com até 11 anos, seguidas por 12 a 14 anos (30,3%) e de 15 a 17 (20,09%), levando em conta as denúncias do Disque 100. A maioria dos agressores é formado por homens (62,5%).

20 de outubro de 2017

O poder das organizações criminosas em Rondônia

Nesta semana o Diário trouxe como tema do editorial o crescimento da reincidência de mulheres presas por tráfico de droga, conforme levantamento produzido pela Secretaria de Justiça do Estado (Sejus). Dois dias depois de tratar do assunto, a Polícia Federal deflagrou uma megaoperação resultando na prisão de um poderoso grupo criminoso que atuava em Rondônia no transporte de drogas para outros Estados. Sete pessoas foram presas. Juntamente com elas foram apreendidos 22 veículos de luxo, avião, 600 quilos de cocaína e R$ 200 mil em espécie. 
Essa ação policial revela, mais uma vez, que o tráfico de drogas continua com toda força no Estado e a existência de outras quadrilhas trabalhando nessa atividade delituosa. A prisão do grupo criminoso revela também o poder de organização das quadrilhas e facilidade do ingresso da droga em território rondoniense. Rondônia tem mais de mil quilômetros de fronteira com a Bolívia, onde o tráfico de droga é intenso. 
A droga apreendida em poder da quadrilha tinha como rota o Estado do Ceara. É a segunda vez que a Polícia Federal desarticula organizações criminosas responsáveis pelo abastecimento de drogas ao mercado cearense. A polícia civil do Estado já sabe que o Aeroporto de Fortaleza tem sido estratégico no tráfico internacional de drogas.
Rondônia continua sendo rota de entrada da droga. Na próxima sexta-feira, o presidente Michel Temer estará em Rio Branco (AC) participando de uma reunião com os governadores que integram o Fórum de governadores do Brasil Central, do qual o Estado de Rondônia faz parte. A segurança na fronteira é de responsabilidade do Governo Federal e o governador Confúcio Moura (PMDB) pretende aproveitar o momento para cobrar maior presença do policiamento na fronteira. 
A entrada de droga em Rondônia custa um preço alto no orçamento do Estado. É alarmante o número de traficantes presos nos últimos meses no Estado por conta do tráfico de droga e hoje o governo Estadual reserva boa fatia do orçamento para a construção de novos presídios para receber essa população carcerária. Além de homens, mulheres também estão contribuindo para o crescimento das estatísticas e superlotando as penitenciárias femininas. 
Algo precisa ser feito com urgência e os governadores que integram o Brasil Central precisam sair da reunião da próxima sexta-feira em Rio Branco, com o presidente Michel Temer, com uma resposta emergente. Construir presídio não garante votos para as próximas eleições, mas o que está em discussão neste momento é a segurança da sociedade e das famílias menos favorecidas que se tornaram alvo dos traficantes na expansão do tráfico drogas. 

19 de outubro de 2017

O efeito Aécio Neves nos Estados em 2018

O acordão selado em Brasília para ajudar a salvar o mandato do senador Aécio Neves (PSDB), em troca do apoio ao presidente Michel Temer (PMDB) em um eventual pedido de impeachment na Câmara Federal, está produzindo sérias consequências políticas aos congressistas nos Estados. Ontem, conforme apurou este Diário, as redes sociais estampavam as imagens dos senadores Valdir Raupp (PMDB) e Ivo Cassol (PP) ao lado de Aécio Neves, acusado de receber propina de R$ 2 milhões do dono da JBS, Wesley Bastista. Os mandatos dos dois senadores expiram em 2018.
Em Roraima, o senador Romero Jucá (PMDB), acusado de comandar um poderoso esquema de propina na Câmara e Senado pelo delator Lúcio Funaro, também terá desgaste político ao defender o tucano mineiro na noite de terça-feira. A operação Lava Jato tornou incerta a candidatura ao governo de Teresa Surita (PMDB), ex-mulher do senador Jucá.
Consciente do estrago produzido pela operação Lava Jato, o senador amazonense Eduardo Braga (PMDB) está revendo os planos para o próximo ano juntamente com a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB). A senadora não descarta a possibilidade de concorrer a uma vaga na Câmara Federal. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também terá dificuldade em renovar o mandato. Ele é citado também no esquema de pagamento de propina.
As mudanças de planos para as eleições de 2018 revelam uma aproximação nos Estados de partidos considerados rivais em eleições anteriores: PMDB-PSDB. A ideia nesse primeiro momento é salvar os mandatos dos senadores complicados com a Lava Jato, dos acusados de recebimento de propina das usinas do rio Madeira, em Porto Velho, e dos beneficiados com mesada paga pelo grupo da JBS. 
A população já demonstrou que pretende fazer uma grande renovação na política e o acordão fechado entre PMDB-PSDB será lembrado pelos eleitores nas eleições de outubro. Foi assim com o PT, quando o partido reduziu drasticamente o número de prefeituras e vereadores. Em Porto Velho, por exemplo, a legenda sempre elegeu vereadores. Desta vez, o partido ficou sem representação. O partido também não conseguiu garantir prefeituras – a legenda chegou a administrar 7 municípios. 
Sem dúvida, as eleições de 2018 podem entrar para a história da política e resultar na maior renovação política na Câmara e Senado Federal. Quem assumir o Brasil em janeiro de 2019 terá uma responsabilidade muito grande de construir uma nova história na política. E a população estará bem atenta.

18 de outubro de 2017

Mulheres reincidentes do tráfico de droga

Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) de Rondônia sobre a prisão por reincidência de mulheres entre 2016 e 2017, conforme mostrou ontem um site de notícia de Porto Velho, revelam que o tráfico de drogas está bem longe de acabar e a fronteira de Rondônia com a Bolívia ainda é uma rota importante para os traficantes.
Segundo os números apresentados pela Sejus, 53% das mulheres presas no período de 2016 e 2017 foram por reincidência no crime de tráfico de drogas. Ocorre que as mulheres foram detidas levando drogas aos maridos presos no sistema prisional.
Além de gerar um caos para inflar o sistema prisional e elevar as despesas orçamentárias do Estado, as prisões causam sérias consequências às famílias menos favorecidas. Muitas dessas mães, são as únicas responsáveis por cuidar dos filhos e muitas delas  exercem também o papel de pai em seus lares. Com essas prisões de mulheres contabilizadas nas estatísticas da Sejus, as crianças ficam totalmente desprotegidas e vulneráveis ao ingresso no mundo do tráfico.
Delegadas especialistas falam sobre que a reincidência é um fato comum nos crimes que envolvem o tráfico de drogas. Entendem que a lei brasileira considera a prisão uma excessão. A lei penal prevê que a pessoa tem o direito constitucional de responder em liberdade. Por conta disso, a reincidência criminosa é tão grande. As mulheres sabem que têm esse privilégio, e ao invés de aproveitá-lo para procurar a recuperação, continuam na conduta criminosa e acabam trazendo mais problemas familiares.
O perfil do tráfico também mudou e os números apontados pela Sejus revelam isso. Hoje é comum ver mulheres e até famílias inteiras na atividade criminosa. Talvez a causa principal do crescimento dessa atividade criminosa é o retorno financeiro que o tráfico de drogas proporciona.
Os dados não são exclusivos de Rondônia. O envolvimento de mulheres cresceu no País inteiro, tanto na venda quanto na distribuição, conforme constatou o Ministério da Justiça.
Em relação a atuação da polícia, a delegada afirma que o trabalho de prevenção é tão importante quanto a repressão. E que a polícia tem que atuar não somente na prisão e desmanche de bocas de fumo, mas também dos fornecedores.
“O boqueiro é último elo da cadeia do tráfico. Temos que atuar em todo o ciclo, desde a distribuição da droga que vem de outros países como Bolívia e Peru, passa pelas fronteiras e chega até as bocas de fumo. Nossa atuação tem que ser em todas essas etapas para tentar barrar o ciclo”.

17 de outubro de 2017

Uma vitória dos pequenos empresários

O envio da Medida Provisória do Refis foi encaminhada à sanção presidencial pelo presidente em exercício do Senado, Cássio Cunha Lima, com texto oriundo da MP 783/2017. Essa proposição permite o parcelamento com descontos de dívidas de pessoas jurídicas e físicas perante a União.
O esforço do deputado federal Nilton Capixaba (PTB-RO), coordenador da bancada federal de Rondônia no Congresso Nacional,  foi fundamental na discussão da proposta e representa um avanço importante, principalmente para os empresários do setor produtivo.
A novidade é que as empresas em recuperação judicial e participantes do Simples Nacional poderão aderir ao parcelamento de dívidas de natureza tributária ou não tributária, inclusive valores descontados de terceiros (INSS ou IRPF descontados do empregado e não recolhidos, por exemplo) ou de tributos cujo recolhimento caiba ao substituto tributário.
Pela proposta, as empresas poderão usar prejuízo fiscal e base negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para pagar os débitos. O deputado rondoniense participou ativamente das negociações junto ao Governo Federal e setor produtivo para que essa Medida se tornasse realidade.
A preocupação do parlamentar foi bem simples: o País não pode pensar em desenvolvimento com empresas paradas e pessoas desempregadas. Com esse parcelamento, as empresas vão continuar gerando emprego e será uma forma do pequeno empresário continuar trabalhando para gerar renda e  colocar em dia as finanças.
O assunto estava na pauta do Congresso Nacional no início do ano, mas a proposta ficou paralisada na Câmara em função da operação federal Lava Jato. Nos últimos anos, foi graças aos empresários que o Brasil conseguiu gerar milhares de empregos. Por conta desse importante desempenho na economia o Brasil avançou bastante, mas ainda está distante de se tornar competitivo.
Conforme o que foi aprovado, poderão aderir ao programa pessoas físicas e empresas que possuem dívidas tributárias e não tributárias que venceram até 30 de abril deste ano, inclusive aquelas que estão sendo parceladas por meio de outro Refis ou questionadas na Justiça. 
O Brasil precisa nesse momento de fôlego para não despencar nos índices de desemprego. Ainda são mais de 12 milhões de pessoas desempregadas, conforme as últimas estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Há quem diga que a medida é uma forma de estimular o não pagamento de imposto, mas o que está em discussão nesse momento é o fraco desempenho da economia brasileira e a necessidade do Brasil criar novos empregos. 

13 de outubro de 2017

A segurança da fronteira na pauta dos governadores

Os governos de Rondônia e Acre estão preocupados com um problema já alertado pelo Diário por diversas vezes neste espaço: a fragilidade da segurança na região de fronteira. A falta de fiscalização tem contribuindo para o avanço do tráfico de droga, contrabando e entrada de armamento pesado, além de servir como rota internacional dos traficantes.  
Esta semana, os governadores Tião Viana (AC) e Confúcio Moura (RO) estiveram reunidos com o presidente Michel Temer, ocasião em que convidaram o peemedebista para uma reunião em Rio Branco com todos os governadores da região Central. Os dois falaram, em conversa rápida no Palácio do Planalto, sobre os problemas produzidos nos dois Estados em decorrência da ausência do Governo Federal nas regiões. 
Traficantes sempre aproveitaram a ausência da fiscalização rotineira para avançar no importante comércio de drogas. Todos são conhecedores que é obrigação do Governo Federal manter a segurança nas áreas de fronteira, mas o Estado não conseguiu avançar nos últimos anos em planos estratégicos e fechar a porteira.
Se falou muito em manter a segurança com o apoio do Exército, mas essa proposta dificilmente saiu do papel nos últimos meses. Rondônia faz fronteira com a Bolívia e também se tornou uma grande rota importante dos traficantes. O Acre também oferece oportunidade para quem pretende ingressar no mundo do tráfico devido a falta de fiscalização. Traficantes bolivianos e brasileiros utilizam a rota acriana e circulam livremente em território rondoniense transportando produtos ilícitos.  
Executar operações em área de fronteira requer um planejamento estratégico e utilização de toda a tecnologia fornecida pelo Estado e União para combater os inimigos da Justiça. Além do tráfico de droga e de armamento moderno, a fronteira serve como saída e entrada principal para a prática da biopirataria. Esse tipo de ação criminosa gera prejuízos pesados de mais de R$ 2 bilhões aos cofres da União, conforme apontou um estudo realizado pelo Tribunal de Contas da União na região de Manaus (AM). 
Na chamada Amazônia Legal, ainda atuam dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que não aceitaram o acordo de paz com o governo do País, além de um efetivo de 400 guerrilheiros do grupo peruano Sendero Luminoso. No ano passado, o diálogo entre o governo colombiano e as Farc se intensificou e, após um acordo que não foi aceito pela população colombiana, as partes firmaram um novo acordo em novembro.
Rondônia realizou em 2016 uma força-tarefa das polícias Civil e  Militar, quando fiscalizou mais de 2 mil pessoas em apenas dois dias de operação. O resultado do trabalho foi bastante positivo, mas o Estado não consegue desenvolver essas operações sem apoio do Governo Federal. Talvez a ajuda do Exército possa refrescar o clima quente de insegurança nas fronteiras.

11 de outubro de 2017

Um balanço da Lava Jato e dos R$ 80 milhões da usina

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recebeu na segunda-feira em Brasília integrantes da força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato que atuam em Curitiba. Na reunião, o chefe da equipe, procurador Deltan Dallagnol, apresentou um balanço dos três anos da operação, que realizou 150 acordos de delação premiada de investigados que tiveram participação nos desvios de recursos da Petrobras.
De acordo com o último levantamento feito pela PGR, o trabalho da força-tarefa resultou em 1,7 mil procedimentos de investigação abertos, 877 buscas e apreensões, 221 conduções coercitivas, 97 prisões temporárias e seis em flagrante. Os dados abrangem março de 2014 e agosto de 2017. A partir das investigações foram proferidas 165 condenações contra 107 pessoas, totalizando 1.634 anos e sete meses de prisão. 
Os crimes investigados envolvem R$ 6,4 bilhões em pagamento de propina. E R$ 10,3 bilhões desviados da estatal e de outros órgãos públicos envolvidos nos desvios foram recuperados.
A população de Rondônia está ansiosa para saber os resultados dos inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações da Odebrecht e Andrade Gutierrez, sobre o pagamento de R$ 80 milhões em propinas a diferentes políticos em torno do projeto da usina de Santo Antônio, em Porto Velho. 
Segundo o jornal o Estado de São Paulo, a maior parte dos pagamentos foi feita a políticos do PMDB, PSDB e PP. As acusações citam o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – condenado e preso em Curitiba –, os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Edison Lobão (PMDB-MA), Ivo Cassol (PP-RO), Romero Jucá (PMDB-RR), além de Sandro Mabel, assessor especial do presidente Michel Temer.
Os codinomes  mais citados nos inquéritos em poder do STF são “Maçaranduba” e “Dalas”. O primeiro, segundo depoimento do delator Henrique Serrano do Prado Valadares, recebeu R$ 2 milhões da Odebrechet pelo apoio ao projeto. Ainda consta no inquérito o codinome ‘São Francisco’. 
O STF abriu uma força-tarefa para analisar todos esses inquéritos e espera concluir o mais breve possível. Uma força-tarefa foi aberta no STF com a missão de trabalhar exclusivamente na conclusão. É possível que o STF solicite ainda esta semana mais informações ao Ministério Público Federal em Rondônia 
O dinheiro da propina seria o suficiente para indenizar as famílias que estão sofrendo no assentamento Joana D’arc 3, na região que abrange o reservatório da usina de Santo Antônio. Conforme mostrou o Diário em matéria no início do ano, mais de 100 famílias aguardam o recebimento de indenizações. A região foi invadida por mosquitos e até os animais estão sofrendo. O dinheiro também seria o suficiente para construir novas salas de aula e investir na melhoria das unidades de saúde de Porto Velho. 

9 de outubro de 2017

A falta que faz um Sest/Senat na capital

A inda repercute em Porto Velho o fechamento da unidade do Sest/Senat, ligada à Confederação Nacional do Transporte (CNT). Na quinta-feira, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT, 14ª Região), entendeu que houve de fato irregularidade no processo de demissão em massa de mais de 50 funcionários que prestavam atendimento à população. 
De acordo com a decisão da Justiça, os magistrados rejeitaram os argumentos das reclamadas de que o processo deveria correr via Dissídio Coletivo e não da Ação Civil Pública, bem como de que houve ausência de fundamentação na sentença de 1º grau quanto à dispensa em massa e da prévia negociação. 
Ao analisar o mérito, o relator do recurso, o juiz Afrânio Viana Gonçalves, reforçou a decisão do juízo de 1º grau de que a demissão coletiva foi realizada de forma irregular por conta da ausência de negociação prévia. “O que se debate é a necessidade de negociação prévia ante a dispensa em massa e, sobre a não realização desta, as reclamadas não apresentaram nenhuma explicação”, ressaltou em seu relatório. 
O acórdão manteve o descumprimento da ordem judicial pelas empresas que não suspenderam a dispensa em massa. No entanto, reduziu-se o valor da multa de R$ 5 mil por dia de atraso até o limite de R$ 50 mil para cada trabalhador para R$ 200 por dia de atraso, limitado a R$ 2 mil para cada trabalhador, por entender razoável ao objeto da obrigação de fazer. 
A decisão do TRT foi de fato uma importante vitória para os trabalhadores, mas a população ainda vai continuar com uma grande carência dos serviços de saúde que eram prestados pela unidade de Porto Velho em benefício dos trabalhadores no segmento do transporte. É que o prédio foi demolido em junho de 2016 sob alegação de risco de desabamento. O local oferecia serviços médicos, odontológicos, oftalmologistas, treinamentos, cursos profissionalizantes para motoristas, além de promover artistas culturais e apresentações artísticas à população. 
A falta de uma unidade do Sest/Senat, principalmente para uma capital de Estado, representa uma grande perda para a sociedade e classe trabalhadora. Muitos trabalhadores do transporte agora precisam se deslocar até a cidade de Rio Branco (AC) ou até o município de Ji-Paraná, região central do Estado, para realizar exames e fazer cursos.  Sindicatos ligados ao setor de transporte precisam cobrar providências no âmbito da Justiça. A sociedade precisa ser informada.

Um choque na privatização

A proposta de privatização da Eletrobras, empresa responsável pela distribuição de energia no estado de Rondônia e em vários Estados, ainda caminha de forma bem tímida no âmbito do Governo Federal, mas o assunto voltou a ganhar destaque essa semana na região Norte. O Diário recebeu na última sexta-feira a visita do advogado Maximiliano Garcez  especialista no tema, para tratar do assunto com dirigentes sindicais.
Por coincidência, na sexta-feira, o ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse que para evitar atrasos no cronograma de privatização da Eletrobras o governo decidiu deixar para os futuros investidores a adoção de algumas medidas consideradas importantes no processo de reestruturação da empresa, entre elas a meta de levar a estatal ao novo mercado.  Segundo o ministro, possivelmente, isso será uma obrigação do novo investidor, e não uma condição prévia ao leilão. O governo não esconde de atingir o resultado, que é a privatização.
Esse movimento será combinado com as medidas de reestruturação do novo modelo, que devem sair por medida provisória, provavelmente na mesma época em que for anunciada a modelagem de venda da estatal. Para o secretário-executivo do MME, é possível que haja um atraso de dez a 15 dias entre o anúncio de um e do outro processo, mas a mudança do modelo do setor elétrico é importante para a privatização da Eletrobras porque vai dar a previsibilidade no cenário que os investidores precisam para participar do processo.
A preocupação maior da sociedade rondoniense é se de fato haverá aumento na conta de energia quando a empresa for privatizada. Um relatório produzido por uma empresa e apresentado aos dirigentes sindicais, conforme matéria publicada na página C1 deste Diário, revela que houve um aumento na conta de energia em Estados que sofreram privatização na distribuição de energia elétrica. Pode ser ainda muito cedo para tratar sobre esse tema, mas o sinal de alerta precisa ser acionado.
Outro problema que o Estado enfrenta é o furto de energia, que gera um rombo nos cofres da empresa. Quem acaba pagando pelo crime de desvio de energia é o próprio consumidor e o Estado. O prejuízo ao cofre do governo chega bem próximo de R$ 2 milhões por ano. É um dinheiro que deveria ser melhor aplicado na melhoria da distribuição de energia elétrica.
Hoje, Rondônia enfrenta sérios problemas com apagões e o Ministério Público Federal obrigou a Eletrobras que não interrompa o fornecimento de energia elétrica em Rondônia. Na liminar, caso ocorram novos apagões, a Eletrobras deverá pagar multa de 300 mil  por hora de falta de energia no Estado. Na liminar, a Justiça Federal também determinou que a Eletrobras e a União reativem, na próxima semana, a usina termoelétrica Termonorte II, em Porto Velho.

5 de outubro de 2017

A força que vem da micro e pequena empresa

Ontem foi comemorado o Dia do Microempreendedor e Pequena Empresa. A data mereceu um registro nas redes sociais feito pelo presidente da República, Michel Temer, pelo fato do microempreendedor ser o principal protagonista na geração de novos postos de trabalho nos últimos anos. 
Dados oficiais do Governo Federal revelam que eles representam mais de 98% das empresas brasileiras, 27% do PIB e são responsáveis por quase 60% do emprego. Trata-se de um número importante de ser avaliado pelos economistas e revela que o Brasil está no caminho certo. 
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) publicada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego do País caiu 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado anterior.
O índice fechou o período maio a julho deste ano em 12,8%. No trimestre encerrado em abril a taxa de desemprego havia sido de 13,6%. Os dados indicam que o País, infelizmente, ainda tem 13,3 milhões de desempregados e a queda na taxa de desemprego é influenciada, principalmente, pelo aumento da informalidade no mercado de trabalho.
Muitos empreendedores saíram da formalidade e montaram o próprio negócio. Ocorre que boa parte dessas pessoas que não aparece em propaganda de televisão e jornal, ainda enfrenta sérios problemas de burocracia no procedimento para se tornar um empreendedor. A taxa de impostos, apesar de ser diferenciada em relação às grandes empresas, ainda pesa bastante no bolso do pequeno empresário. 
Assim como o homem do campo é responsável pelo bom desempenho da economia brasileira no segmento do agronegócio nos últimos anos, o microempreendedor também tem se destacado no cenário nacional. Os números precisam ganhar maior atenção do Governo Federal e principalmente do poder Executivo municipal. Os microempreendedores estão justamente nos municípios, onde ocorrem as maiores dificuldades pela micro e pequena empresa. Muitas das vezes, a falta de servidores públicos nos municípios retarda o processo de liberação  da renovação de alvará para trabalhar. É um problema que geralmente ocorre na maioria das prefeituras. 
A situação do microempreendedor não só não é mais complicada graças ao apoio do Sebrae, que tem atuado de forma satisfatória no apoio para quem está ingressando na atividade empresarial. O Brasil precisa de uma política mais eficaz voltada para esta importante parcela da população que ajudou o tirar o Brasil da crise. Os números não mentem.