O ex-prefeito José Bianco (Foto: Roni Carvalho) |
Porto Velho, Rondônia - O
advogado José de Abreu Bianco, 69 anos de idade, natural de
Apucarana PR), se transferiu para Rondônia ainda jovem, nos anos 70,
como milhares de migrantes paranaenses. Casado, pai de três filhos,
torcedor do Corinthians, ele tem uma das trajetórias políticas
mais marcantes em Rondônia e esta longe da aposentadoria. Em 1982,
foi o deputado estadual mais votado em Rondônia, um verdadeiro
recordista de votos, algo em torno de 8.200 mil votos, que seria o
equivalente a quase 50 mil votos nos dias de hoje. Logo em seguida
foi eleito presidente da Assembléia Constituinte, posteriormente
emplacando vitórias na prefeitura de Ji-Paraná, ao Senado – foi o
mais votado em 94 – e uma grande virada ao governo em 98,
desbancando o então governador Valdir Raupp. Em 2002, no malogrado
projeto de reeleição foi derrotado no segundo turno para seu
afilhado político Ivo Cassol, se recuperando nas urnas com a eleição
a prefeito de Ji--Paraná em 2004, aonde foi reeleito para o cargo em
2008. Abaixo, confira a trajetória de um dos personagem políticos
mais importantes da história recente do estado.
Diário – Como foi sua vinda para Rondônia nos anos 70?
Bianco
– Vim como advogado. Cheguei em Vila de Rondônia tinha pouco mais
de 5 mil habitantes. Hoje, como município de Ji-Paraná são 120
mil. Vim para advogar e como Vila de Rondônia era distrito de Porto
Velho logo que eu cheguei fui envolvido e liderando o movimento pela
emancipação política do Distrito, o que aconteceu ao final de
1977.
Diário
– Em 1982 o Sr. foi o deputado estadual mais votado. A campanha foi
fácil?
Bianco
– Não foi fácil. Nenhuma campanha é fácil. Como já estava
liderando este movimento da Vila de Rondônia se transformar em
município e era também um desportista conhecido, meu nome contava
com alguma projeção. Também militava com extensão de cartório
de registros de Porto Velho onde os agricultores registravam suas
propriedades também de Ouro Preto, Presidente Médici, enfim em toda
região. Tudo isto, mais o apoio do governador Teixeirão, que era
nosso maior líder, ajudou.
Diário
– E a eleição a presidência da Assembléia Constituinte?
Bianco
– O PDS, o meu partido, contava com 15 deputados contra nove do
PMDB. Como fui o mais votado e tinha boa ligação com o governador
Teixeirão e o presidente do partido Claudionor Roriz, contei com
estes importantes apoiamentos para a vitória. Mas não tive
facilidades, pois tinha o Amizael (já falecido) que era ligado ao
Odacir (em alta na época, o senador mais votado) e era muito
experiente e também pleiteava o cargo.
Diário
– Porque não deu certo a dobradinha Odacir governador e Bianco
vice em 86?
Bianco
– Politicamente eu estava muito bem na época e minha vontade era
ser deputado federal. Mas me convenceram a ser vice do Odacir em 86.
Disputamos com o Jerônimo Santana, que era um ícone do PMDB. Foi um
desastre. Ele tinha o apelo do PMDB, em alta na época. Foi uma
decisão fruto da minha inexperiência.
Diário
– Em 1988 o Sr. obteve uma grande vitória na disputa pela
prefeitura em Ji-Paraná. Uma eleição em que o Sr. estava em
baixa...
Bianco
- De fato, aquela eleição foi porque Deus quis que eu ganhasse.
Em, 88 sem mandato, o adversário era o deputado federal José Viana
do PMDB, que desfrutava grande prestígio. Um nome evangélico,
respeitadíssimo. O Jerônimo Santana era o governador, o Orestes
vice. Trabalhei muito naquela eleição para uma grande virada. Eu já
tinha uma base, uma folha de serviços prestada para a capital da BR
e isto funcionou bem.
Diário
– Nas eleições de 94 o Sr. foi o senador mais votado de
Rondônia...
Bianco
– Naquela eleição, inicialmente eu era candidato a governador e
isto foi até bem próximo da convenção. Então chegou o Chiquilito
(NR: já falecido) me comunicando que ele seria o candidato. Como ele
era o nosso líder, desisti da minha candidatura, resolvi disputar o
Senado e apoiá-lo naquela disputa.
Diário
– Mas o Sr. fez imposições para ser candidato ao Senado...
Bianco
– É verdade. Eu era do PFL e o Chiquilito queria que eu disputasse
o cargo pelo PDT. Então exigi que viessem dirigentes nacionais do
PDT para acertar a filiação, porque em seguida meu desejo era
voltar para o PFL. E foi isto que aconteceu. Mesmo com Chiquilito
perdendo, foi uma campanha vitoriosa. Nossa coligação elegeu dois
senadores, eu e o Amorim e uma boa bancada de deputados estaduais e
federais.
Diário
– Na disputa ao governo em 98, como conseguiu reverter o
favoritismo do então governador Valdir Raupp?
Bianco
- Foi com muito trabalho já que tinham muitos candidatos no primeiro
turno. Foi fruto de trabalho de equipe. Fui bem votado na capital,
minha base de Ji-Paraná e o entorno sempre me deu sustentação,
nunca me faltou e ai, com a forte sustentação da capital consegui
virar.
Diário
– Quais foram às dificuldades no seu projeto de reeleição em
2002?
Bianco
– Na verdade foi um governo muito difícil. Era preciso reorganizar
o estado, cortar gastos, reduzir a folha. Coisas realmente
desgastantes, houve o episódio das demissões. O tamanho do governo
estava muito grande, muitas dívidas, muita desorganização, mas
consegui ajustar a máquina administrativa e deixei o governo em boas
condições para meu sucessor.
Diário
– Depois de ter sido de deputado a governador em Rondônia, porque
o Sr. resolveu disputar a prefeitura de Ji-Paraná em 2004?
Bianco
– Realmente é uma situação minha, de foro intimo. Fiquei dois
anos sem cargo e quando veio 2004 entendi que precisava fazer alguma
coisa para recuperar Ji-Paraná, cuja situação estava igual ou
quase tão dramática que o governo do estado em 98. Ai veio à
decisão de convidar o Canuto como meu vice e tocar um projeto de
recuperação.
Diário
– Que balanço o Sr. faz depois oito anos no Palácio Urupá?
Bianco-
Penso que conseguimos avançar bastante. A situação que encontramos
era grave, tanto isto é verdade, que justificou o eslogam daquela
administração que começou em 2005, governo da reconstrução.
Porque foi preciso reconstruir muita coisa. Tivemos muitos avanços,
mas acho que o feito maior que consegui fazer na prefeitura, foi o
que eu chamo de apaziguamento político em prol de Ji-Paraná. Ou
seja, antes o prefeito só buscava apoio nos parlamentares que eram
do seu partido, ou da coligação. A partir de 2005, quebrei este
paradigma, busquei trabalhar com todos os parlamentares, inclusive
com ex-adversários. Eu, dos Democratas, fazendo parceria com o PT,
PDT, e até com o PMDB. Era um tabu. Acredito que esta união foi meu
legado mais importante, minha maior obra em Ji-Paraná. Esta união
de esforços recuperou a cidade e esta forma de governar, com todos
os partidos se espalhou depois a vários municípios.
Diário
– Depois de deixar a prefeitura de Ji-Paraná, quais são agora
seus projetos futuros?
Bianco
– Então, agora já trabalhamos para 2014, portanto tem bastante
tempo. A minha pretensão é concorrer a um cargo de eleição
proporcional, deputado federal ou estadual. E sendo assim a primeira
providencia a partir de março será buscar o fortalecimento do meu
partido que passa por uma crise nacional.
Diário
– Os Democratas começam a se afastar do PSDB buscando composições
futuras com outras agremiações no âmbito nacional. Como o Sr. vê
este posicionamento?
Bianco
– Isso não vai influenciar nada em nosso estado. Cada estado terá
que tocar a sua vida. Além disto, nós temos ótimas relações com
o PSDB local.
Diário
– Como esta a estrutura do DEM para a campanha de 2014?
Bianco
–É preciso buscar uma reorganização. Vamos renovar os diretórios
municipais. É um trabalho exige muita disposição e planejamento
que farei a partir do mês de março com campanha de filiações, de
motivação. Vamos criar a ala jovem, o comitê feminino, etc.
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