28 de janeiro de 2013

Rondônia terá rota alternativa para o Pacífico

Deputado Lebrão é da região de São Francisco


Porto Velho, Rondônia - O Estado de Rondônia está firmando uma nova alternativa rodoviária para o Pacífico, a partir de Costa Marques, e com grande vantagem sobre as outras opções, como a do Acre, seja em termos de distância – uma economia de 1.300 quilômetros – ou pelas melhores condições de tráfego rodoviário, de acesso aos portos do Chile. É o que assegura o deputado estadual, José Eurípedes Clemente, o Lebrão (PTN-São Francisco), que funciona como um embaixador desta causa junto às autoridades bolivianas desde a década passada. Agora, finalmente, a rota alternativa idealizada pelo ex-governador Jerônimo Santana, na década de 80, está se firmando com a pavimentação concluída da BR-429, que liga Presidente Médici a Costa Marques; e a instalação de balsas na fronteira. Do lado boliviano, ainda faltam 270 quilômetros de pavimentação – já em fase de implementação – para a conclusão da nova rota alternativa, dando melhores condições de competividade para o Brasil nas exportações para os países asiáticos e, com Rondônia, acessando um mercado consumidor carente de produtos agropecuários – os bolivianos importam quase tudo dos Estados Unidos – de quase três milhões de pessoas na região da grande Santa Cruz, a grande metrópole boliviana.
Liderança política emergente no interior, Lebrão é o parlamentar mais votado do Vale do Guaporé e emplacou com seu apoio à eleição, dois prefeitos na região nas eleições de 2012. Empresário do ramo madeireiro, com 57 anos de idade, Lebrão é natural de Barretos (SP), casado, pai de dois filhos, tem 30 anos de Rondônia, sendo 15 anos desbravando Cerejeiras e outros 15 radicados em São Francisco do Guaporé e Costa Marques. Na entrevista, a seguir, Lebrão, que é o 1º secretário da Assembleia Legislativa, fala da política, dos seus projetos e anuncia a conclusão do novo prédio da Casa de Leis – que está economizando e se adequando à Lei de Responsabilidade Fiscal – para 2014.
Diário – Como entrou na política?
Lebrão – Na verdade a coisa foi meio acidental. Fui vice-prefeito de Costa Marques, eleito em 2004, pelo PMN. Tenho apenas oito anos de política. Depois entrei no PTN e disputei a primeira vez o cargo de deputado. Fui bem na eleição, o 15º mais votado, ficando na suplência dos deputados Alex Testoni e Luís Claudio. Com a eleição do Alex a prefeito em Ouro Preto, assumi sua cadeira, em 2008.
Diário – E a reeleição em 2010? O Sr. não integrava a lista dos favoritos…
Lebrão – Na verdade foi uma surpresa agradável. Tive a quarta maior votação do Estado, com cerca de 16 mil votos. Existia um trabalho sendo feito ao longo dos anos. Defendo uma região carente, o Vale do Guaporé. É uma região muito unida, bairrista. Com isso, obtive 50 por cento dos votos em Costa Marques, 50 por cento dos votos do município de São Francisco, 36 por cento dos votos em Seringueiras e 15 por cento em São Miguel do Guaporé. E para minha surpresa maior, em Porto Velho ganhei a confiança de mais de dois mil eleitores. Por isso, a Capital, mais precisamente a região do distrito de Vista Alegre, é meu novo reduto eleitoral.
Diário – E quanto às campanhas vitoriosas em 2012 em São Francisco e Costa Marques?
Lebrão – Graças a Deus fomos vitoriosos em Costa Marques, com o Chico Território e em São Francisco com a prefeita Gislaine Lebrinha, minha herderia política. É o resultado de um trabalho. A gente defende esta região com unhas e dentes. Tenho que atribuir o sucesso aos parceiros que nos acompanham, às equipes e alianças partidárias.
Diário – Quais são as perspectivas do Vale do Guaporé, uma região historicamente abandonada?
Lebrão – Temos que agradecer muito aos parlamentares que contribuíram para a pavimentação da BR-429, que ainda falta finalizar as obras de artes. Faltam nove pontes licitadas que serão construídas em 2013. Com isso foi mudada a estrutura da região. E nós, mais agora trabalhamos em conjunto com o governador Confúcio Moura e o diretor-geral do DER, Lúcio Mosquini; com o general do Exército Poty, para implantar a ligação da BR-429 até o Pacífico, passando pela Rodovia Carretera Central, na Bolívia, que integra as cidades de São Joaquim, São Ramon, Trinidad, a Capital do Beni, atendendo cinco departamentos bolivianos. Uma região com mais de três milhões de habitantes, um novo mercado de consumo, de transportes, cultural e turístico nos ligando ao Chile através dos seus portos e nos aproximando assim do Continente Asiático. Esta é a melhor rota de integração, a de Costa Marques ao Chile, com vantagens sobre a saída por Assis Brasil no Acre ligando aos portos do Peru. Por Costa Marques teremos uma economia de 1.380 quilômetros e comparando ainda mais a situação geográfica, temos vantagens. A favor da ligação pela Bolívia, por Costa Marques, nós temos uma estrada quase que totalmente plana, viabilizando os transportes, ao contrário da saída pelo Acre, pela estrada Transoceânica, que inviabiliza o transporte de cargas.
Diário – Em que estágio está a viabilização desta rota alternativa ao Pacifico?
Lebrão – Temos acompanhado os desdobramentos com novas audiências na Bolívia, discutindo tudo isto e temos avançado muito a respeito. Nas próximas semanas teremos audiências no vizinho País para tratar desta nova interligação. Na verdade a estrada já está pronta e vamos instalar as balsas a partir de Costa Marques. No solo boliviano falta apenas a pavimentação de 280 quilômetros. A ideia original desta alternativa é do ex-governador Jerônimo Santana. E o DER vai fazer a licitação de concessão das balsas em Costa Marques, na fronteira.
Diário – E quanto à Assembleia Legislativa. Quais as principais ações em andamento?
Lebrão – Como 1º secretário, tenho um pouco mais de um ano de gestão. Já estou implantando um novo modelo de trabalho, valorizando os funcionários estatutários da Casa, para dar oportunidades de ocupação para não ficarem ociosos, sem lotação e nos seus devidos lugares onde foram aprovados nos seus respectivos concursos. Com isso vamos reduzir a quantidade de portariados e baixar a folha de pagamento. Estamos trabalhando também num novo plano de carreira, e neste projeto teremos avanços. Hoje os funcionários da ALE-RO têm os melhores salários das Assembleias Legislativas do Brasil. Enfim, estamos fazendo todos os ajustes e nos adequando às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diário – Quanto à construção da nova sede da Assembleia Legislativa?
Lebrão – Estamos economizando recursos para a conclusão da obra. A nova sede está em andamento e acredito que até 2014 deverá estar finalizada. Trata-se de uma obra moderna, que vai servir de referência para as demais Assembleias Legislativas. Teremos uma à altura de Porto Velho e Rondônia, mostrando a pujança e a modernidade rondonienses, formando com o centro administrativo e os tribunais, o centro cívico de Rondônia. Será um cartão postal de Rondônia para o restante do Pais
Diário – E com relação à reabertura dos trabalhos legialtivos e as eleições dos demais membros da Mesa Diretora punidos durante a Operação Termópilas?
Lebrão – Serão eleitos, agora em fevereiro, o primeiro vice, o segundo vice e todos os secretários. Só o presidente está reeleito. O deputado Hermínio continua na Presidência. Todo o restante dos cargos vai para votação.
Diário – Como vê o governo Confúcio Moura?
Lebrão – Entendo que o governo Confúcio tem uma administração até o momento tímida, mas que tem grandes condições de fazer um grande trabalho em 2013. Ele sempre teve apoio da Assembleia Legislativa, quase por unanimidade dos deputados que proporcionam os mecanismos necessários para que o governo faça uma baita administração.
Diário – O que é preciso fazer para melhorar Rondônia?
Lebrão – Veja bem, cobramos mais investimentos na saúde, que já apresenta alguns sinais de melhora. É preciso investimentos fortes na agricultura do Estado. A piscicultura já tem dado resposta positiva. A soja já está dando mais resultados e será o grande motor da economia rondoniense nos próximos anos. É preciso mais tecnologia na pecuária, com inseminação, tanto no rebanho de corte como no gado leiteiro. Não há crise no setor produtivo, aliás, o que se vê é o produtor crescendo, trocando o cavalo pela moto. E com a energia de Jirau e Santo Antônio, precisamos buscar a industrialização, principalmente em Porto Velho, onde vemos reduzir a criação de empregos.
Diário – O que espera de nossos governantes em 2013?
Lebrão – Muito trabalho. Minha mensagem é de otimismo. Tenho certeza que trabalhando juntos, nós vamos fazer uma Rondônia cada vez melhor, com êxito, com a união de todos. Quero desejar um ano de muita prosperidade para todo povo rondoniense.

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