O jornal Folha de São Paulo trouxe com exclusividade na edição da última segunda-feira a exploração ilegal de diamantes na Terra Indígena Sete de Setembro, na região central do Estado. A invasão de garimpeiros nas terras dos paiter-suruís é sinal de fumaça de um grande problema para as autoridades de Rondônia administrar nos próximos dias.
O caso é de profundo conhecimento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e da Polícia Federal. Na semana passada, funcionários do Ibama estiveram no local e ficaram surpresos com a estrutura do garimpo de diamantes. Imagens registradas pelos funcionários do órgão de fiscalização mostram retroescavadeira trabalhando a todo vapor na região.
Durante a operação, maquinários no valor de R$ 1 milhão foram incendiados pelos funcionários, como forma de evitar a atividade ilegal de exploração de diamantes. É fato que a atividade garimpeira em terra indígena tem o apoio de alguns índios. Muitos apostam nessa atividade como forma de garantir o sustento de suas famílias e alegam que estão passando por dificuldade.
Do outro lado do problema, estão os garimpeiros. Eles são oportunistas e aproveitam a fragilidade oferecendo dinheiro aos caciques, alimentos e até carro zero quilômetro. O ritual é bem semelhante ao ocorrido na década de 90, o garimpo na reserva Cinta-Larga, em Espigão, ganhou força e resultou na matança de 29 garimpeiros. O caso ganhou repercussão no Congresso Nacional.
O novo garimpo tem importantes patrocinadores. A Polícia Federal deflagrou este ano em Rondônia uma operação que resultou na prisão de pessoas ligadas a operação Lava Jato. Empresas investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) patrocinavam o ingresso de garimpeiros na região dos Cinta-Larga e estavam com grande interesse no diamante retirado da reserva Roosevelt. É visível o patrocínio de lobistas no garimpo ilegal. As máquinas utilizadas na extração ilegal de diamantes são avaliadas em mais de R$ 2 milhões e o transporte desses equipamentos dependem de uma grande logística em plena floresta na região, além de representar um custo financeiro bem elevado.
O mesmo ritual acontece na Terra Indígena Sete de Setembro, um local totalmente desconhecido pela sociedade rondoniense e órgãos de fiscalização e controle. A denúncia em poder da fiscalização do Ibama de Rondônia merece uma atenção especial e revela a preocupação de um novo sinal de fumaça com a possibilidade de confronto entre índios e garimpeiros.
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