Ao descartar na tarde de ontem a possibilidade de renúncia da função, o presidente Michel Temer (PMDB) demonstrou que vai utilizar todo direito da ampla defesa garantido na Constituição Federal. O peemedebista foi acusado, em pleno andamento da operação Lava Jato, de comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, preso também pela operação Lava Jato.
Antes do pronunciamento de Temer em rede nacional, o colunista político do jornal O Globo, Josias de Souza, falava em renúncia. Temer foi duro ao dizer que não renunciaria após o inquérito instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF). O presidente nega todas as acusações, mas informações nos bastidores da política sinalizam novas delações que comprometem a governança.
A situação no Brasil está insustentável. Justamente no momento em que o país se recuperava de forma tímida da crise econômica provocada pela alta da inflação. O Brasil começava a se recuperar e gerar novos postos de trabalho. Restou agora uma incerteza. Nesse momento do jogo político os empresários não terão coragem de investir em um país que está sofrendo um grande desgaste político.
A estrutura do Congresso Nacional também foi fortemente abalada ao ter uma de suas lideranças, o senador Aécio Neves (PSDB), afastado temporariamente do cargo. O tucano foi acusado de pedir propina no valor de R$ 2 milhões para pagar despesas com advogado. Aliado de Temer, o deputado Rocha Loures (PMDB-PR), também está afastado do cargo. Ele foi gravado pela Polícia Federal recebendo mala de dinheiro. Os dois parlamentares devem explicações à população e as duas casas de leis têm a obrigação de tomar as providências pertinentes, independente da investigação da força-tarefa da Lava Jaro.
O Brasil vive a sua pior fase na história política após impedimento do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Se percebeu, ao longo das investigações do Ministério Público Federal, que os grandes empresários é quem estabeleciam as regras no governo. Eles se reuniam com os políticos e pagavam propina como forma de agradar pelos “relevantes serviços prestados” de interesse de multinacionais.
Ficou claro que a ousadia da classe política é imensa. Mesmo com a operação Lava Jato seguindo a todo vapor, o pagamento de propina seguia o destino natural. Malas de dinheiro circulavam nas ruas de São Paulo em benefício de pessoas ligadas a um grande esquema de corrupção.
Assim com foi com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment no ano passado, tudo indica que os próximos capítulos serão de angústia para o Palácio do Planalto quando a Justiça liberar o conteúdo das conversas dos donos da empresa JBS com o presidente Michel Temer. A saída do peemedebista será uma questão de tempo.
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