28 de novembro de 2011

Filiada ao PMDB, nova reitora da Unir anunciará eleições, fim da greve e "pente fino" em contratos

Filiada ao PMDB, a professora Maria Cristina Victorino de França deve assumir nesta semana o comando da reitoria da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e pôr fim a uma greve de docentes e alunos que dura 75 dias. Maria Cristina pretende fazer um "pente-fino" nos contratos e afirma que vai democratizar a gestão da federal.

Na semana passada, o reitor, José Januário de Oliveira Amaral, renunciou ao cargo sob acusações de corrupção. O Ministério Público Estadual (MPE) e a Controladoria-Geral da União denunciaram irregularidades na Fundação Rio Madeira (Riomar), que serve de apoio à federal.



Ex-presidente da fundação, Januário estaria envolvido em esquemas de desvios de recursos, contratação de empresas fantasmas, utilização de "laranjas" e superfaturamento na compra de produtos, segundo o MPE. O reitor, reeleito para a função, tinha mais três anos de mandato. Em entrevista ao Valor antes de deixar o cargo, Januário negou as irregularidades.

Docentes e alunos protestam contra os desvios e as más condições de infraestrutura dos campi. Além da greve, universitários ocuparam a reitoria há 54 dias. Os protestos só devem terminar quando a renúncia de Januário for publicada no Diário Oficial da União. Para os grevistas, a permanência de Januário na federal se deve à ligação dele com o presidente nacional do PMDB, Senador Valdir Raupp (RO).

A futura reitoria deve assumir o cargo por dois meses e convocar novas eleições. Maria Cristina é doutora em linguística e especialista em línguas indígenas. No PMDB, a professora foi sondada por correligionários para candidatar-se à Prefeitura de Guajará Mirim, no interior do Estado. na cidade, a professora é popular e tornou-se uma liderança depois de seu trabalho no campus da universidade. Ela, no entanto, nega ter pretensões eleitorais. "Sou apenas uma filiada. Nunca tive cargo político nem aceitei apoio de parlamentares quando me candidatei à reitoria da universidade", diz.

Como reitora, ainda que interina, Maria Cristina terá como desafio tentar melhorar a estrutura dos campi. Faltam laboratórios em quase todas as áreas e o vestibular para cursos como engenharia elétrica e veterinária foi suspenso. Um laudo do Corpo de Bombeiros indica graves problemas na infraestrutura dos prédios. "É assustador", comenta Maria Cristina. "O Ministério Público já disse que as denúncias divulgadas são apenas a ponta do iceberg. Os problemas não acabaram ainda", diz.

O Ministério da Educação criou uma comissão para acompanhar o caso e diz que não vai intervir na escolha do novo reitor.

Um comentário: