24 de novembro de 2011

Renúncia de Reitor repercute na mídia nacional

Denunciado, reitor em RO renuncia


Por Cristiane Agostine


De São PauloAlvo de dezenas de denúncias de corrupção, o reitor da Universidade Federal de Rondônia, José Januário de Oliveira Amaral, renunciou ontem ao cargo, ao reunir-se com o ministro da Educação, Fernando Haddad. A federal está em crise há 70 dias, com greve de docentes e alunos. Estudantes ocuparam a reitoria há 49 dias. Para universitários e professores do comando de greve, a permanência de Januário na direção da universidade se deve à ligação dele com o presidente nacional do partido, Senador Valdir Raupp (RO), e com a esposa de Raupp, deputada federal Marinha Raupp (PMDB-RO).


O reitor foi denunciado pelo Ministério Público Estadual de Rondônia por suposta participação em esquemas de desvios de recursos, contratação de empresas fantasmas, utilização de "laranjas" e superfaturamento na compra de produtos. A Controladoria-Geral da União (CGU) também apontou irregularidades na gestão da universidade pública, uma das principais da região Norte.


Januário renunciou por falta de condições de permanecer no cargo, segundo informações do Ministério da Educação. O desgaste intensificou-se com a divulgação das denúncias de mau uso dos recursos públicos. As irregularidades se concentram na Fundação Rio Madeira (Riomar), que serve de apoio à universidade. Segundo investigações do MP, a fundação transformou-se em uma organização criminosa para desviar os recursos da federal.


Para o MP, o reitor era um dos principais beneficiários do esquema de corrupção. De acordo com as investigações, uma das empresas de fachada contratadas pela fundação, que recebeu mais de R$ 70 milhões, teve como dono o companheiro afetivo do reitor e sobrinhos de Januário. Em depoimento, tanto o reitor quanto seu companheiro, o professor Daniel Delani, negaram os supostos desvios.A CGU e o MP apontaram dezenas de irregularidades envolvendo a Fundação Riomar. Segundo o MP, quase todos os envolvidos nas denúncias são ligadas ao reitor Januário, ex-presidente da entidade. Todas as 46 obras intermediadas pela fundação estão paradas ou atrasadas.


Os alunos e professores da universidade reclamam da falta de estrutura dos sete campi e estão em greve há mais de dois meses. Faltam laboratórios e o vestibular para alguns cursos, como engenharia elétrica e veterinária, foi suspenso, devido à falta de estrutura da universidade. Um laudo do Corpo de Bombeiros indica graves problemas na infraestrutura dos prédios.


Em outubro, o Ministério da Educação encaminhou à universidade uma comissão para fazer levantamento da situação, auditar as contas e avaliar as condições de funcionamento da federal. Segundo o ministério, a comissão deve entregar o relatório sobre a situação da universidade nos próximos dias. O prazo oficial terminaria hoje, mas a comissão pediu mais dez dias para a conclusão.


A renúncia do reitor será encaminhada para a presidente Dilma Rousseff, por ser um cargo de provimento. A exoneração deve ser publicada nos próximos dias no Diário Oficial da União.Ontem, alunos e professores comemoraram a renúncia do reitor e fizeram uma carreata em Porto Velho. Na próxima semana a direção da universidade deve se reunir para debater o processo de sucessão de Januário.


O reitor, reeleito para a função, tinha mais três anos de mandato.O comando de greve, composto por alunos e professores, atribui a permanência de Januário à ligação política dele com a família Raupp. Nos cartazes de protesto feitos pelos alunos e docentes, o reitor aparecia sentado no colo do Senador Raupp. O comando de greve pedia "fora Januário, fora Raupp".


Procurados pela reportagem, o Senador Valdir Raupp, a deputada Marinha e o reitor não se pronunciaram até às 21h de ontem.Em entrevista há duas semanas para o Valor, Januário negou as irregularidades listadas pelo MP e pela CGU e disse que sua eleição para o cargo não tinha ligação com Raupp.

Fonte: Valor Econômico

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