Porto Velho, Rondônia - O
pastor Aluizio Vidal sempre esteve à frente de movimentos
estudantis, mas nunca imaginou ingressar na política. Chegou a
pensar em se filiar ao PT, mas acabou desistindo da ideia. Optou em
se dedicar ao trabalho religioso. A surpresa aconteceu nas eleições
de 2010, quando decidiu disputar uma cadeira ao Senado. Fez mais de
40 mil votos e foi surpresa na Capital: mais de 25 mil. “Até eu
fiquei surpreso”, conta.
Natural
de Dourados, Mato Grosso, pastor Aluizio Vidal é casado, tem duas
filhas e chegou a Rondônia no início da década de 90, após se
formar em psicologia. Pé no chão e realista com os problemas da
cidade, ele disse que as necessidades do município não serão
resolvidas em apenas quatro anos. “Dizer que está preparado para
administrar Porto Velho é péssimo. Mas existem pessoas que estão
preparadas para liderar preparados. O que me inspirar é motivar
liderança”.
Diário
- Como foi seu ingresso na política?
Aluizio
- Sempre militei em movimento estudantil e depois passei a atuar na
vida vida religiosa. Procurei o Partido dos Trabalhadores para me
filiar, mas fiz a opção de ingressar na religião. Me filiei em
2005 e disputei o cargo de deputado estadual nas eleições de 2006,
sendo o mais votado do PSOL. Nas eleições de 2010, disputei o
cargo de senador e fiquei impressionado com a aceitação do
eleitorado. Foram mais de 25 mil votos na Capital. Uma surpresa.
Diário:
Qual o segredo da votação naquele ano?
Aluizio:
Ao segmento evangélico. Fui votado em todos os municípios do
Estado. Nossa campanha foi a mais barata. Gastamos apenas R$ 5 mil.
Diário:
Qual o segredo? Você está filiado em um partido de esquerda e ser
pastor evangélico?
Aluizio:
Temos dentro do segmento evangélico posturas políticas diferentes.
Grupo pragmático e clientelista. Um grupo discute a responsabilidade
social e outro a ética na política. Existe um grupo de pastores que
se reúne com frequência para discutir os problemas da cidade.
Diário:
O que inspira ser candidato?
Aluizio:
Faz parte de um amadurecimento e discussão dentro do próprio
partido. O que me inspira, e eu acredito muito, que uma liderança
política não é líder sozinha Podemos trabalhar na inspiração de
liderança de popular. Dizer que está preparado para administrar
Porto Velho é péssimo. Mas existem pessoas que estão preparadas
para liderar. O que me inspira é motivar liderança.
Diário:
Quais as propostas para Porto Velho?
Aluizio:
Primeiro precisamos trabalhar um governo popular, onde as lideranças
da cidade possam participar do processo administrativo. Por outro
lado, é preciso transparência administrativa. A cidade, por
exemplo, precisa saber do valor do contrato de coleta de lixo com a
Marquise. Precisamos criar fatos políticos motivadores, por
exemplo: educação. Não dar para ter tempo integral nas escolas
públicas. Ninguém vai fazer isso em apenas quatro anos. Precisamos
criar fatos políticos, começar a fazer o processo de valorização
do professor e reciclagem acadêmicos.
Diário:
Na saúde?
Aluizio:
Porto Velho precisa investir na saúde preventiva e não curativa.
Vamos receber brevemente duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
A questão hospitalar está melhorando. O nosso desespero no futuro
não será hospitalar e sim investir na prevenção da saúde. A
prefeitura precisa insistir politicamente no saneamento básico.
Diário:
Infraestrutura, fale um pouco.
Aluizio:
Porto Velho não vai passar agora por grandes projetos. Vamos fazer o
arroz com feijão, ou seja, o básico. A prioridade, e temos que ser
realista, é saneamento básico. A questão da água virou um caos.
Nesse momento o combate as alagações será prioridade, além do
serviço de rede de esgoto e drenagem da água. Não temos centro de
convivência e praças.
Diário:
O lençol freático está contaminado. O que fazer agora?
Aluizio:
É necessária uma avaliação profunda e técnica sobre o assunto. O
plano piloto precisa vir a publico e o projeto precisa ser discutido
com a sociedade. A quantidade de invasões continua.
Diário:
O trânsito se tornou um caos, como resolver o problema?
Aluizio:
Dentro do nosso projeto não temos condições de melhorar Porto
Velho sem passar pelo trânsito. Temos problema de educação mais
que infraestrutura. A solução desse problema vai passar pela
educação de trânsito. A mudança estrutural não será o foco
nesse momento. Vai acontecer com o tempo. Muitas ruas ainda não
estão sendo utilizadas para desafogar o trânsito nas horas de pico.
A rua Afonso Pena, por exemplo, pode ser auxiliar da avenida Carlos
Gomes. Hoje está um caos transitar pela Carlos Gomes.
Diário:
O orçamento de Porto Velho está em queda. Como conduzir isso no
futuro pós-usinas?
Aluizio:
O PT conseguiu bom resultado com o orçamento participativo no Rio
Grande do Sul. Não pretendemos implantar grandes obras e sim
executar o essencial. O pós-usinas nos preocupa muito. Temos que
enfatizar a pequena produção e pequena industrial. É preciso
oferecer mais benefício fiscal para atrair empresas, o que vai
proporcionar a geração de emprego. É natural que as cidades façam
isenções de impostos para trazer novas indústria. É um desafio
para estimular.
Diário:
O PSOL comanda uma chapa puro sangue. E as alianças?
Aluizio:
Participamos de encontros e no âmbito nacional existe uma
recomendação para aliança com o PSTU e PCB. O meu vice é o
professor Francisco Marto de Azevedo, também filiado ao PSOL e com
experiência.
Diário:
Vocês chegaram a conversar com o PSB?
Aluizio:
O Mauro [deputado federal Mauro Nazif e pré-candidato a prefeito]
nos chamou para conversar, mas a própria proposta de aliança junto
com outros partidos não avançou.
Diário:
Porto Velho daqui a 10 anos?
Aluizio:
Uma cidade mais bonita, prática e funcional. Onde as pessoas tenham
paixão e orgulho por Porto Velho. Minhas filhas não querem ir
embora daqui. Recebi um convite recentemente para deixar o município
e morar em Campo Grande. Minha família foi contra. Volto a dizer
que alguns fatos políticos têm que chamar o crescimento de Porto
Velho.
Diário:
Obras prioridades para 2013?
Aluizio:
A rodoviária municipal não tem como ficar do jeito que está. No
local, precisa construir um parque ou criar uma rotatória para fluir
o trânsito. É claro que a sociedade precisa ser ouvida.
Diário:
Transporte de massa?
Aluizio:
Passa pela quebra do monopólio das empresas. A qualidade do ônibus
que circula precisa melhorar. Não tem sentido utilizar um carro e
transitar 12 quilômetros para ir até a faculdade. Se o ônibus
melhorar, o trânsito vai desafogar e haverá um número menor de
acidente.
Diário
- Que experiência acharia importante trazer a Porto Velho?
Aluizio
– No cenário administrativo temos muito a apreender com as cidades
de Curitiba, Campos Grande e Porto Alegre. Porto Velho precisa da
autoestima de Rio Branco.
Texto: Marcelo Freire/Carlos Sperança
Fonte: Diário da Amazônia.
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