Porto Velho, Rondônia - O ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT),
da 14ª Região, desembargador Vulmar Araújo Coêlho Júnior, foi notificado pela
Justiça do Trabalho no procedimento investigatório instaurado para apurar
denúncia de ameaça de morte contra a juíza da 2º Vara, Isabel
Carla.
O ex-presidente está em Sevilla, na Espanha, é recebeu a notificação no último
dia 6.
O caso está sendo apurado no âmbito do TRT e pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que investiga ainda denúncia do
envolvimento do ex-presidente e do juiz Domingos Borges no pagamento de mais de
R$ 100 milhões e ameaças contra servidora. O valor é relativo a uma ação movida
pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Rondônia (Sintero) em
benefício de ex-servidores do território federal. A ação começou a tramitar na
Justiça em 1989.
“As declarações prestadas pela
corregedora do CNJ (ministra Eliana Calmon) estão respaldadas em fortes
indícios, que também foram detectados por mim no ano passado, e que levaram-me
a abrir procedimento apuratório. Lamentavelmente, esse fato não foi lembrado,
pois encaminhei ao CNJ em novembro 2011, uma cópia com as apurações que
realizei”, disse o ex-presidente.
O CNJ ainda não notificou o ex-presidente sobre o pagamento milionário e ameaças de morte contra a juíza e servidora. “Creio que as apurações deverão ser aprofundadas, para que todas as responsabilidades sejam definidas sem sombras de dúvidas. Por ora, está claro que existe uma verdadeira batalha entre os que querem as apurações, e os que não as desejam”.
O
ex-presidente disse ainda que sofreu pressão durante o processo de pagamento do
precatório. “As apurações realizadas desagradaram muitos, tendo sido severamente
pressionado para acomodar as coisas. Quem me conhece sabe que não me omito. Não
cometi nenhuma falta, apenas sou alvo de campanha que tenta desqualificar
aquilo que apurei”.
TST determinou pagamento
Por conta de indícios
de irregularidades, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu
suspender no último dia 6 o pagamento pela União do precatório por suspeita de
fraude e desvio envolvendo magistrados e advogados de Rondônia. Um esquema que,
para não ser descoberto, levou juízes a ameaçarem testemunhas e organizarem
atentados.
Na semana passada, a presidente
do TRT, Vania Abensur, reuniu a imprensa para explicar a decisão do CNJ. Até o momento foram pagos R$ 100 milhões. “A
determinação para pagar esse valor partiu do Tribunal Superior do Trabalho
(TST) e não do TRT”, explicou. A Justiça trabalhista, segundo a presidente, em
duas decisões na 2º Vara do Trabalho, apresentou parecer pela improcedência do
pagamento do precatório. “Foi a partir daí que os juízes passaram a sofrer
ameaças de morte”.
O precatório corresponderia a uma dívida antiga do Estado com professores e funcionários da educação do antigo território de Rondônia. No entanto, de acordo com informações obtidas pelo CNJ R$ 358 milhões já teriam sido liberados, mas nenhum profissional do ensino teria recebido o dinheiro. Há suspeitas de que parlamentares estariam envolvidos no esquema. E as investigações já se estenderam para o Acre e Roraima, onde o mesmo esquema estaria sendo aplicado.
A ministra Eliana Calmon contou que juízes e funcionários TRT e até um
delegado da Polícia Federal foram ameaçados de morte pelo grupo supostamente
envolvido no desvio. No caso mais grave, uma servidora foi incluída no programa
de proteção a testemunhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário