Ao que parece, o Brasil tem nesse momento dois presidentes. O atual presidente Michel Temer (MDB) até o momento não se manifestou sobre a possibilidade do fim do programa Mais Médicos. Pelas redes sociais, o presidente eleito anunciou, na última quarta-feira, que pretende rever o programa.
Bolsonaro condicionou a continuidade do Mais Médicos “à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”. Essa declaração de Jair Bolsonaro fez Cuba romper a parceria com o Brasil, firmada na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O tema sobre a situação dos médicos já foi manifestada aqui no Diário.
De acordo com a Organização Panamericana da Saúde (Opas), hoje são 8,5 mil médicos cubanos atuando na Estratégia Saúde da Família e na Saúde Indígena. Esses profissionais estão distribuídos em 2.885 Municípios, sendo a maioria nas áreas mais vulneráveis, como o norte do país, o semiárido nordestino, as cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as terras indígenas e as periferias de grandes centros urbanos. Entre os 1.575 Municípios que possuem somente médico cubano do Programa, 80% possuem menos de 20 mil habitantes. Na avaliação da Confederação Nacional dos Municípios, a saída desses médicos sem a garantia de outros profissionais pode gerar a desassistência básica de saúde a mais de 28 milhões de pessoas.
O Sudeste é a região brasileira com maior densidade médica (2,81 profissionais para cada grupo de mil habitantes), contra 1,16 no Norte e 1,41 no Nordeste. Dados do levantamento demonstram que somente o estado de São Paulo concentra 28% do total de médicos no País. O Distrito Federal, por sua vez, é a unidade federativa com a média mais alta (4,35), seguido pelo Rio de Janeiro (3,55). Já o Maranhão mantém a menor densidade demográfica (0,87), seguido pelo Pará (0,97).
Porto Velho, capital de Rondônia, concentra o maior número de profissionais. 1,5 mil. A maior deficiência está no interior do Estado, que conta apenas com uma faculdade de medicina, enquanto na capital são duas faculdades privadas e uma pública. O município de Ji-Paraná recebeu este ano o credenciamento do Ministério da Educação para o curso de Medicina.
A instalação de novos cursos de medicina no interior do Brasil talvez facilite a permanência de profissionais de saúde nas pequenas cidades, mas geralmente na prática isso não acontece. Os profissionais da saúde quando se formam, procuram os grandes centros de medicina e já fazem uma nova especialização. O que precisa é oferecer um salário diferenciado para quem atua em regiões de difícil acesso com baixo índice de IDH. Seria o primeiro passo para valorizar os profissionais formados no Brasil.
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