20 de maio de 2012

Prefeito diz que inimigos estão no PT, apóia Fátima Cleide e nega saída do PT


O prefeito petista Roberto Sobrinho deixa o comando do município de Porto Velho no dia 31 de dezembro carregando em seu curriculum importantes vitórias políticas ao longo das últimas eleições. Em último lugar nas pesquisas de 2004, Sobrinho venceu as eleições derrotando o deputado Mauro Nazif (PSB), que na época contava com o apoio do ex-prefeito Carlinhos Camurça (ex-PDT). Em 2008, Roberto Sobrinho obteve 119.896 votos (59,51% dos votos válidos), contra 37.224 votos de Lindomar Garçom (PV), cujo cabo eleitoral era o ex-governador e hoje senador Ivo Cassol (PP). 
Roberto Sobrinho também coleciona derrota ao longo da vida pública. Na reta final de deixar a prefeitura, sua candidata nas prévias do PT, Miriam Saldaña, saiu derrotada no mês de abril na disputa interna da legenda. A militância preferiu escolher a ex-senadora Fátima Cleide como pré-candidata a prefeita. “Respeito a decisão do partido e estarei pedindo votos pra ela”, disse o prefeito, ao negar a pretensão de deixar a legenda para apoiar outro candidato. “Tudo não passa de boato dentro do próprio PT. É o chamado fogo amigo”, afirmou. 
Roberto Sobrinho é formado em psicologia e foi militante dos movimentos estudantil, social e sindical; e ex-secretário municipal de Educação.


Diário - A partir do segundo semestre o senhor começa a se despedir do cargo, depois de oito anos à frente do Palácio Tancredo Neves. Quais foram suas principais obras?
Roberto Sobrinho – A construção dos viadutos do Trevo do Roque e da Jatuarana. A cidade corria o risco de ficar sem o dinheiro por falta de projeto. Fui até o Ministério das Cidades e fiz o compromisso de fazer o projeto. O município investiu mais de R$ 1 milhão só no projeto. A obra foi paralisada, mas agora retoma com força total. A previsão de entrega é para este ano. É difícil tocar obras desse porte dentro da Capital. Tem todo um processo de desocupação de áreas, indenizações e rede elétrica. É bem complicado para um município assumir toda a essa responsabilidade, mas assumimos esse desafio. 


Diário - O senhor foi um sindicalista daqueles bravos, de liderar cerco à prefeitura e palácio do governo nos anos 80 e 90, acuando prefeitos e governadores. Como é agora estar do outro lado?
Roberto – Tivemos uma experiência ao longo da década de 80 participando de movimentos sindicais. Hoje conheço a realidade e as reivindicações da categoria. A nossa convivência no meio sindical nos ajudou a resolver problemas de greve. Por outro lado, é produtivo atender os pedidos dos servidores. 


Diário - Porto Velho é uma cidade muito dividida politicamente e os políticos são amados e odiados ao mesmo tempo. A maioria dos prefeitos e governadores é hostilizada em campanha. Como foi a história da missa negra defronte à prefeitura?
Roberto – Fiquei muito magoado com meus adversários. Fizeram um jogo sujo e tentaram atingir a minha pessoa. Mais tudo bem. Amigos, padres e pastores me apoiaram e a situação acabou se revertendo. 


Diário - A zona Leste é o grande reduto petista. Será possível recuperar aquela região até as eleições?
Roberto - O ritmo de obras de asfaltamento intensificou nos últimos dias. Estamos pavimentando todas as ruas e avenidas de grande fluxo de trânsito, como a Carlos Gomes, Calama e Farqhuar. Muitos me perguntam se sou candidato à reeleição. Tem muito serviço pra fazer ainda e estamos fazendo. Não é por ser o último ano de mandato que as obras vão parar. Pelo contrário, com o fim do inverno amazônico, vamos começar a recuperar as vias de todos os bairros.  


Diário -  O senhor  tem umas tiradas célebres para salvar o couro. Como é esta história de buracos municipais, estaduais e federais?
Roberto – Quando surgiu a cratera na BR-364, próximo ao bairro Ulisses Guimarães, carretas e caminhões passaram a transitar pelas vias do bairro. As vias não ofereciam condições de receber o peso das carretas. Foi quando surgiram os buracos. O buraco, na verdade, é culpa do governo Federal. Tem o buraco que é feito pela Caerd, que é o buraco estadual. Do buraco do município eu cuido.


Diário - Esta história de plano B, que o vereador Mário Sérgio seria outro candidato a prefeito com seu apoio, procede?
Roberto – Tudo não passa de fogo amigo. São boatos dentro do próprio  PT. Não existe a possibilidade. Por incrível que pareça, os meus inimigos políticos estão dentro do PT. Recentemente  meus adversários inventaram que eu estaria indo ao PV. Conversa fiada. Respeito a decisão da prévia do partido, a qual homologou a pré-candidatura da ex-senadora Fátima Cleide. Foi a democracia que venceu e estarei no palanque de Fátima pedindo votos. Lembro que no início a minha candidatura também foi referendada pela militância em 2004. Respeito a decisão de um processo democrático. 


Diário - Quais as chances da ex-senadora Fátima Cleide nestas eleições?
Roberto – Por incrível que pareça, hoje em Porto Velho não existe favorito na corrida pela prefeitura. As pré-candidaturas apresentadas até o momento estão no mesmo nível de disputa. Será uma disputa boa. Muitos pré-candidatos estão se espelhando na minha campanha de 2004, quando  apareci em último lugar nas pesquisas e acabei virando o jogo depois. Todos se dizem otimistas.


Diário -  Sabe-se que o senhor  mira 2014. Será candidato ao Senado ou ao governo?
Roberto - Ainda é cedo para falar sobre o tema e não posso dizer que dessa água não beberei.


Diário - No inverno amazônico, os prefeitos e governadores são mais xingados do que juiz de futebol. Alguns até tiravam férias em janeiro. Como enfrentar tudo isto?
Roberto – O volume de chuva que caiu na região de Porto Velho nos últimos anos comprometeu o andamento de várias obras na Capital. Buscamos amenizar as alagações com a limpeza de canais para o escoamento da água da chuva. Ao mesmo tempo, colocamos uma equipe de plantão para tapar buraco, mas as chuvas acabaram comprometendo todo o trabalho.


Diário - Como o próximo prefeito vai encontrar o Palácio Tancredo Neves? Aqui é costume, se for adversário, entregar a prefeitura em terra arrasada. O senhor não recebeu nem enxada.
Roberto – Quando assumi a prefeitura, em janeiro de 2005, encontrei vários problemas, como a falta de material, máquinas sucateadas e mais de 400 quilômetros de asfalto por fazer. Ao longo do nosso mandato, conseguimos pavimentar 800 quilômetros de vias. Vamos investir ainda este ano R$ 10 milhões na compra de maquinários. Meus adversários não terão que reclamar disso. Estamos entregando a máquina administrativa com gasto de 47% de pessoal, dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por outro lado, o município já começa a receber dinheiro referente à compensação das usinas do rio Madeira.


Diário – Na sua visão, qual será o principal desafio do seu sucessor?
Roberto – Será resolver o problema de abastecimento de água tratada e esgotamento sanitário à população. Hoje Porto Velho só tem 3% de coleta de esgoto e 50%  de água tratada. O processo, iniciado no governo passado, continua emperrado no Tribunal de Contas da União por suspeita de irregularidade. Para executar este projeto, o município será obrigado a quebrar o asfalto para dar espaço à tubulação da coleta de esgoto.


Diário – E a rodoviária municipal?
Roberto – A obra já está em processo de licitação e creio que nos próximos dias se defina a empresa que vai tocar o projeto. Era pra ser uma parceria com o governo do Estado, mas não deu certo.


Diário – Qual avaliação que o senhor faz do governo Confúcio?
Roberto – Eu estou torcendo para que o governo apresente bom resultado. Principalmente na área da saúde, que enfrenta problemas. Brevemente o município entregará à população as duas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), que vão ajudar a amenizar a superlotação no hospital João Paulo.

Autor: Marcelo Freire e Carlos Sperança
Foto: Jota Gomes

Fonte: Diário da Amazônia

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