A invasão da fazenda Bom Futuro, no município de Seringueiras, no sul de Rondônia, já caminha para quase um mês. A fazenda foi ocupada pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e hoje expira o prazo estabelecido pela Justiça para as famílias deixarem a área. Caso isso não ocorra, elas serão retiradas da região à força.
O Comando do 2º Batalhão da Polícia Militar (BPM), de Ji-Paraná, traçou ontem um plano estratégico, caso os invasores resistam em permanecer no local. De um lado, a polícia trabalha com a estratégica de evitar confronto e derramamento de sangue. Do outro lado do balcão, está a sociedade, que não permite mais esse tipo de ocupação de terra. Enquanto isso, no meio de toda essa situação, estão os pobres camponeses pleiteando um pedaço de terra para plantar.
Em Rondônia, segundo a Pastoral da Terra, existem dezenas de áreas que estão com problema de litígio e aguardam um posicionamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que por sua vez busca mais recursos do Governo Federal para promover o assentamento. Bem próximo desse problema aparece o dono da propriedade rural, que não tem nada a ver com toda essa situação que foi criada.
Talvez a tática utilizada pelos coordenadores da LCP não seja a alternativa correta nesse momento. Invadir propriedade rural não é o meio mais correto para pleitear a reforma agrária. O Estado, sem dúvida, tem a obrigação de agir e a sociedade já mostrou que não aprova esse tipo de prática. A população ainda não consegue esquecer o episódio que resultou na morte de 11 sem-terra, sendo 2 policiais militares na fazenda Santa Elina, em Corumbiara, no sul do Estado. O fato ocorreu em agosto de 1995 e repercute até hoje no mundo.
Não podemos esquecer também da invasão na fazenda Urupá, na região de Mirante da Serra. Foi desgastante para o dono da propriedade rural testemunhar o seu gado sendo abatido por sem-terra. O proprietário da área deixou de investir em Rondônia e hoje possui propriedade rural no Estado vizinho do Mato Grosso, gerando dezenas de empregos.
A população não quer mais testemunhar violência no campo. Está na hora de dar um basta nesse tipo de ação. É preciso chegar a um acordo pacífico e evitar novamente derramamento de sangue.
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