16 de dezembro de 2015

Índio não quer pedágio, quer assistência

A cobrança de pedágio por parte de índios em rodovias federais na região Norte do País e a exploração ilegal de áreas de preservação estão se tornando uma prática comum e trazendo sérios problemas aos povos indígenas nos últimos anos. O caso mais recente dessa prática resultou em duas mortes esta semana na região de Vilhena, no sul de Rondônia. Os vendedores Gerson Moreira de Souza, 24, e Marciano Cardoso, 25, tentaram furar um bloqueio na BR-174 formado por índios da etnia Enawenê-nawê e acabaram sendo capturados. Os corpos foram achados e a Polícia Federal investiga o caso.
Outro caso de repercussão nacional aconteceu na região do Amazonas em 2013. Índios Tenharim foram presos acusados de matar três pessoas dentro da terra indígena Tenharim, na BR-230, a Transamazônica, na região do Humaitá (AM), distante 200 quilômetros de Porto Velho. As três vítimas assassinadas a tiros dentro da reserva indígena Tenharim foram o professor Stef Pinheiro de Sousa, 43, o comerciante Luciano Ferreira Freire, 30, e o funcionário da Eletrobras Amazonas Energia Aldeney Ribeiro Salvador, 40.
O resultado dessa matança gerou na distribuição da sede da Funai em Humaitá (AM), queima de veículos e barcos utilizados no transporte de alimentos a essas comunidades. Um prejuízo de mais de R$ 3 milhões aos cofres da União.
As investigações em poder da Federal apontam que eles foram sequestrados e desapareceram no dia 16 de dezembro de 2013 quando faziam viagem de carro pelo trecho da rodovia BR-230 que corta a reserva Tenharim e onde os indígenas cobram pedágio.
A prática da cobrança de pedágio tem gerado conflitos entre índios e comunidade. Esses conflitos mostram a necessidade da presença maior do governo nessas regiões esquecidas da Amazônia. Um exemplo claro do descaso com os povos indígenas acontece também na reserva indígena Cinta-Larga, em Espigão do Oeste (RO). O local se tornou fonte de economia para os índios que coordenavam até recentemente operação de extração ilegal de diamantes.
O Ministério Público Federal (MPF) tem sido um forte defensor dessas comunidades e cobrado da União ações para melhorar a vida indígena. Muitos estão em situação de total abandono e morrendo por enfermidades. Muitas das vezes, esses índios se tornam alvo fácil de garimpeiros e madeireiros em regiões onde o poder público não está presente. Algo precisa ser feito.

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