8 de dezembro de 2015

Uma operação contra a dengue e as consequências

Chamou atenção ontem uma matéria publicada na versão online do jornal “O Globo”, do Rio de Janeiro. A Fiocruz promete soltar, em janeiro, mosquitos Aedes aegypti modificados com uma bactéria que impede a transmissão do vírus da dengue em uma cidade de até 400 mil habitantes, provavelmente dentro do Estado do Rio.
Essa pretensão da Fiocruz faz o leitor se recordar caso semelhante ocorrido na zona rural de Porto Velho, capital de Rondônia. Para combater o mosquito transmissor da malária, em Rondônia, as empresas responsáveis pela construção das usinas do rio Madeira, soltou nas proximidades de áreas alagadas mosquitos produzidos em laboratório.
Na época, a missão dos estudiosos seria combater o mosquito transmissor da malária em áreas alagadas após a construção das usinas de Jirau e Santo Antônio. Ao que parece, a iniciativa pode ter resolvido um problema, mas o efeito foi outro. Moradores não suportaram a presença da praga de mosquito e acabaram abandonando seus lotes.
As regiões mais afetadas são os distritos na região da Ponta do Abunã e nos assentamentos Joana D’arc, região de Porto Velho. Neste ano, a Secretaria de Saúde de Porto Velho solicitou que os dois empreendimentos imprimissem esforços no combate e controle do mosquito. A Semusa explica que o município fez um dossiê com dados, relatos e documentos que foram encaminhamos para o Ministério da Saúde.
A ação da Fiocruz faz parte do projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, no qual, desde 2009, pesquisadores inserem no Aedes uma bactéria chamada Wolbachia, com uso de uma agulha. De acordo com a reportagem do jornal O Globo, não há mudança genética. Ao portar essa bactéria, o mosquito não transmite o vírus da dengue às pessoas que ele pica. A esperança é que esse mesmo mecanismo também funcione para bloquear o vírus zika.
O cenário de chuva se transforma em ambiente ideal para a reprodução de mosquito. Enquanto o mosquito genérico não desembarca no Rio de Janeiro, a dengue vem avançando no Sul do Brasil e o mosquito combatente da malária em Rondônia. Resta torcer para que as medidas apontadas pelos pesquisadores da Fiocruz estejam no caminho certo.

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