Os deputados federais exerceram ontem o papel de ‘juízes’ em um tribunal que serviu para julgar no Conselho de Ética da Câmara Federal o presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de possuir contas no exterior não declaradas no Brasil. Cunha também é alvo da operação Lava Jato, hoje considerado o maior esquema de corrupção do Brasil.
Muito se questionou ao longo dos últimos dias o voto “decisivo” da deputada federal Tia Eron (PRB-BA), considerada pela imprensa amiga pessoal de Eduardo Cunha e que poderia desempatar a votação em benefício do peemedebista. Na reunião de ontem, ela disse que votaria com sua consciência. Como os parlamentares do Conselho de Ética exercem o papel de juiz, não compete a eles antecipar o voto à imprensa. Afinal de contas, na condição de juízes, eles devem ouvir a defesa e somente depois emitirem seu voto.
O mesmo ocorre no julgamento no plenário do Senado da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). A imprensa de Rondônia está preocupada em saber como votarão os senadores Acir Gurgacz (PDT), Valdir Raupp (PMDB) e Ivo Cassol (PP). Ocorre que os senadores também precisam ouvir as justificativas apresentadas pela petista na Comissão e por seguinte emitirem seu voto em plenário.
No caso do deputado Cunha, o relatório do deputado federal Marcos Rogério (DEM) tem forte consistência. O parlamentar eleito por Rondônia conseguiu mostrar por meio de documentos, extratos onde constam transferência de recursos da conta de João Henrique, preso na operação Lava Jato, à conta de Eduardo Cunha. Cópias de passaportes do banco estão em nome do representado. Também consta a assinatura de Eduardo Cunha, além de email para recebimento de correspondência. Conhecedor profundo do direito, o relator teve todo o cuidado de analisar as provas, mas tudo de forma detalhada no processo.
Nesse mesmo tribunal julgador, não faltaram acusações contra os juízes do conselho, cujos nomes figuram na operação Lava Jato. Na discussão de ontem, ficou claro que a alta cúpula do PMDB e o presidente Michel Temer têm medo de Eduardo Cunha, considerado um grande intimidador.
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