18 de setembro de 2018

Votos nulos beneficiam siglas atoladas na Lava Jato

Uma análise feita pela equipe de pesquisa do instituto Data Folha precisa ser muito bem avaliada pela população que está com a intenção de anular ou votar em branco nas eleições do dia 7 de outubro. A insatisfação dos eleitores com a política tem um motivo bem justo: os últimos escândalos de corrupção envolvendo parlamentares do PSDB, MDB, PP e  PT na operação Lava Jato. 
A última pesquisa divulgada pelo Data Folha, 61% diz que tem intenção pelo voto nulo ou branco e que não mudarão de opinião. Ocorre que o voto nulo ou branco favorece diretamente os grandes partidos políticos conhecidos pela Polícia Federal. Essas legendas são detentoras da maior fatia dos recursos do Fundo Partidário. É esse dinheiro que é injetado nas grandes campanhas espalhadas pelo Brasil. 
O maior problema reside na eleição para o cargo de deputado federal. Segundo uma reportagem produzida pelo site da Câmara Federal, o percentual de eleitores aptos que deixa de escolher um nome ou uma legenda para representá-lo na Câmara dos Deputados vem aumentando. Em 2002, dos eleitores que compareceram às urnas, a soma dos votos em branco e dos nulos foi de 8%. Em 2014, chegou a 15%, quase o dobro. 
Foi justamente por conta desse aumento de votos nulos e brancos que os grandes partidos políticos foram beneficiados com o maior volume de dinheiro do fundo partidário. Na eleição passada em Rondônia, por exemplo, dos 885.929 votos válidos, 65.999 foram votos em branco e 75.999 eleitores resolveram anular o voto. Somados eles totalizaram 141.302 votos, o suficiente para eleger dois deputados federais na época. 
Se a população antes estava descontente com o momento político na época, imaginem agora com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), do escândalo das gravações em  torno do presidente Michel Temer (MDB) e do pagamento de propina de políticos ligados aos grandes partidos políticos que dominam o maior número de cadeira na Câmara dos Deputados e Senado.
Sem a ajuda desses partidos, fica difícil o futuro presidente da república governar. Portanto, votar em branco ou anular o voto é a mesma coisa e favorece os grandes partidos. Na contramão da tendência do eleitorado, em 2018 a disputa para a Câmara ganha importância para as legendas, porque, a partir do ano que vem, elas poderão perder o direito de receber recursos do Fundo Partidário e o acesso ao horário gratuito de rádio e TV caso não atinjam as determinações da chamada cláusula de desempenho. As mudanças estão previstas na Emenda Constitucional 97.
Agora com a EC 97, para garantir os recursos e o tempo de propaganda gratuita, os partidos terão que ter, no mínimo, 1,5% dos votos válidos para a Câmara na eleição deste ano. Os votos devem estar distribuídos em, pelo menos, nove unidades federativas diferentes (Estados e Distrito Federal), e com o mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma. Neste ano, 35 partidos disputarão as vagas para a Câmara. Em 2014, foram 32, dos quais 4 não conseguiram eleger nenhum parlamentar. Segundo avaliação do site da Câmara, se os atuais critérios estivessem em vigor naquela época, 14 partidos teriam ficado de fora da distribuição dos recursos.

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